O caju rufião
Rufianismo, politicagem, corrupção, servilismo cultural são palavras que talvez traduzam os reais objetivos dessa caricatura de carnaval chamada de Pré-Caju. Se a idéia foi concebida pelos grupos musicais baianos ávidos pela conquista de novos mercados, o seu campo germinador foi uma empresa de empreendimentos culturais denominada de Augustu's, sediada em um terreno quase doado pela EMURB, na época da intervenção municipal do democrático Governador Valadares. Afastando a hipótese de corrupção, possivelmente essa doação foi fruto de um desses momentos de extremada bondade do Sr. Governador.
Como passe de magica, a empresa falida Corsal se transformou em um próspero empreendimento de produção de eventos sob o comando do Sr. Lourival, tendo como garoto propaganda, o sorridente Fabiano Oliveira. Sorriso para cá, sorriso para lá, o garotinho cheio de baianidade foi conquistando corações e mentes, principalmente, o precioso acesso aos cofres públicos. Pode-se questionar a importância desse evento para a cidade de Aracaju, se somos quintal da Bahia, ou mesmo, o afastamento das características básicas do Carnaval, tais como, a irreverência, as inversões dos papeis sociais, a comicidade que provoca o riso subversivo, mas, nunca a saúde financeira das empresas dos irmãos do Pré-Caju.
Se essa imitação barata de festa carnavalhesca está anêmica, o mesmo não se pode dizer dos fluxos arteriais financeiros que irrigam abundantemente o negocio abençoado dos irmãos Pré-Caju. Vermelho, muito vermelho! Se outros Prefeitos e Governadores foram atenciosos, os atuais governantes primam pela generosidade. Apesar de ser um evento de administração privada que visa o lucro, os nossos governantes abrem os cofres públicos, movimentam todos os serviços estatais em prol desse evento, fecham parcialmente uma das principais avenidas da cidade, causando imenso transtorno para o trânsito e para os pedestres. Isso sem falar nos quinze milhões de reais transferidos do Ministério do Turismo para ASBT nesses últimos três anos, entidade administrada pelos irmãos Oliveira.
Na próxima semana, a festa acontece. Blocos destilam com seus foliões uniformizados, cantando musicas bobas pasteurizadas, dançando em um ritmo de quarta feira de cinzas e isolados por batalhões de seguranças. Se o carnaval era do povo, nessa versão falsificada, pertence às elites que se acomodam nos camarotes, servidas de boas comidas e bebidas, e, se for o caso, fazem uso de acompanhantes lindas e cheirosas. No vácuo dos trios elétricos, na poeira dos blocos encontram-se as pessoas comum que em outros carnavais brilhavam, protestavam, ironizavam, satirizavam. Mas isso é coisa dos carnavais passados, pois o do presente só lhes permitem a rabada dos trios e a embriaguez das bebidas baratas. Lá de cima, os dois reis momos olham prazerosamente. Não é sem motivo essa alegria. Enfim, nessa festa, todos gastam e eles ganham.
Ivan Bezerra de Sant Anna
- Posted using BlogPress from my iPad