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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Maré vazante

Maré vazante


Mulher era o seu nome
Ninfa do mar bravio
Na sua boca
O hálito das manhãs praianas
Embriaguei com duas
Mas eram tantas...

Tantas cores tingidas de um vermelho róseo
Dos crepúsculos salinos
Momento silencioso das gigantes aves marítimas
E do pio das corujas dos coqueiros solenes

Lá estava você
Úmida, bela e desnuda
Deliciosamente, sem compostura
Adentrando à timidez da noite
Promessa de escuros mistérios
Incitados pelo brilho lunar

Ah, montículos sedutores e oblíquos
Duas ilhas gêmeas e solidarias
Uma escalada de prazer
Língua incansável
Com gosto de mel e sal

Colei meus lábios em sua concha ofertada
Ouvi os marulhos insinuantes da sua boca
Mergulhei enfeitiçado, deslumbrado
Em um tubo de águas infinitas
Seguindo a música dos seus vários lábios
O desejo e o sublime em dois temas fugáticos

De repente
A explosão do gozo supremo
A grande onda viola a praia
Entre espumas, areia e crustáceos
As águas marés que vazam

Amanhece e o sol ponteia
Na praia ruidosa de maresia e suores
Um menino, um sorvete precário
Lambido ao infinito
Ponho-me ao riso
Lembro seus pés.




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Mudanças

Precisa mudar? Tudo bem! Se vocês procurarem terapeutas, sejam comportamentalista, freudianos, existencialistas, junguianos, alguns vão tentar diminuir as suas dissonâncias cognitivas através de um síntese artificial e conciliadora, poucos, entretanto, vão dizer: "Vocês precisam mudar!" Ora, isso qualquer amigo inteligente pode dizer!

Toda mudança é dialética e tem início com uma negação. Será preciso vocês sentirem suas almas doentes, angustiadas pelas dissonâncias e dizer: "Chega, vou mudar". Esse momento de negatividade brota da saturação dos conflitos e ele é somente de vocês. Esse momento de decisão somente vocês podem efetuar.

O analista é apenas um facilitador, depois que tomar a decisão de mudar. Ele pode ajudar a vocês efetuarem um retorno dialético ao passado, verificando as opções que tinham, os erros cometidos e rescrever um novo passado na imaginação, trazendo-o para o Presente para projetar o futuro que traz em seu bojo, o passado rescrito.

Entretanto, o momento inicial é a solitária coragem de dizer Não. Vai doer muito, pois a negatividade dialética destrói para reconstruir. Dizia Drummont, em um sábio conselho poético, que a dor era essencial, entretanto, o sofrimento era opcional. A questão é se vocês tem coragem suficiente para sentir as dores da mudança ou continuar sofrendo com covardia.



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