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domingo, 3 de novembro de 2013

Hoje é um dia que acordei com uma propensão à lucidez, entendendo ser lúcido como um atributo luciferiano - Lucifer que não era demônio, mas um Deus do tipo dionísico dos antigos hebreus - aquele que leva à reflexão das contradições do mundo e a festeja-lhas como elemento motor do desenvolvimento dialético do mundo.

Ocorreu-me pensar sobre a amizade. Que tema interessante! Amigos para sempre? Amigos circunstanciais? Amigos que ficaram ao logo da linha do tempo? Que tipos de amigos tive ou tenho? Existe mesmo a amizade ou são apenas pessoas que encontramos em nossa abertura para o outro que, em momentos e circunstâncias nos dão proteção, supre nossas carências, ou nos permitem o sentimento de poder? Existe mesmo a tão propalada solidariedade, a irmanação respeitosa das individualidades dos três mosqueteiros, "um por todos e todos por um"?

Alguém se atreve responder essa tormentosa questão? Confesso perpassado por duvidas, no entanto, posso alinhavar uns pensamentos. Um tempo atrás, uma época que se buscava grupos, tive alguns amigos próximos, pessoas que compartilhei meus projetos, meus sonhos e mútua proteção. Outros amigos eram circunstanciais, relações baseadas em interesses compartilhados, proximidade geográfica ou ser colega em atividades. Enfim, onde estão todos eles?

Acho que estão ao longo da linha do tempo. Ah, o tempo e sua infinita finitude... Uns ficam em algum ponto, outros insistem persistir e alguns novos aparecem. Afinal, ao longo da caminhada, nunca somos os mesmos e os trajetos são diferentes. No entanto, com o passar do tempo, percebemos quais as amizades foram autênticas e as diferenciamos das circunstanciais e oportunísticas. Por exemplo, colegas de trabalho que diziam ser amigos; "amigos" que desaparecem ou não lhe convidam mais para seus aniversários, sem algum motivo aparente ou porque acabou seu casamento, mas que não hesitam em declararem, quando de um encontro ocasional: "gostamos gosto muito de você!". Acho muito engraçado essas declarações e outras tantas, quando esquecem do seu aniversário.

As amizades que foram verdadeiras podem acabar por variadas razões ou serem relegadas ao esquecimento. Entretanto, elas ficaram congeladas em algum canto da linha do tempo de forma integral e profunda e se refletirmos com maior radicalidade, perceberemos que esses amigos e seus atributos estão incorporados, mesmo sofrendo o impacto da negatividade construtiva. Dessa maneira, podemos dizer que nunca desvencilhamos dos amigos, pois eles são um pouco ou muito do que nós somos.

Quanto aos conhecidos que fingem meus amigos, lhes peço: por favor, não preciso disso e já não tenho idade para suportar hipocrisias, pois conheço uma pessoa que me ama muito e essa pessoa é Ivan Bezerra.