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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Afinal, quem é Ele?

Afinal, quem é Ele?



Afinal, quem é Ele?

Enquanto se desenrola esse curioso e singular processo eleitoral, uma indagação me incomoda como uma espécie de pigarro renitente, ou melhor: um retorno indesejado daquele ruído de um disco arranhado que me faz refém de uma trilha obstruída. Afinal, quem é “Ele”?

Como uma categoria a ser preenchida concretamente, já o sabemos, pois invariavel(mente) - desculpem os parênteses, mas depois de assistir as palhaçadas do nosso JaMente, tenho uma compulsão irresistível a colocar esse sufixo em realce - o processo político eleitoral brasileiro é abençoado pelo maniqueísmo entre o bem e o mal, uma situação polar quase sempre fabricada pelas elites que diferem entre si por discursos e por camisas tingidas por cores que evocam ideologias nunca realizadas. Assim, eleição chegado e indo, perguntamos, “oxente, cadê o queijo?”, e sempre a mesma resposta, “o rato comeu!”. Infeliz(mente), o rato sempre come, né? E o que mudou? Uma nova certeza de que nada mudou!

Entretanto, o que torna peculiar esse atual processo eleitoral é que no passado as elites escolhiam candidatos de grande densidade política para o encenamemto dessa imemorial peça, uma vez que estava em jogo as bandeiras do patrimonialismo corrupto e o maneirismo condutor, ora de afagos tapeantes, ora de tacapes  persuasivos, e se podemos creditar ao Lula uma grande contribuição inovadora, essa foi a teoria das flores com talos de tacape, uma novidade que permite o governante manter o processo democrático e os direitos liberais como aparências, enquanto prefeitos morrem assassinados, aviões caem misteriosa(mente), a Democracia é suprimida pela compra descarada de congressistas, alianças com Comandos “disso de daquilo” são efetuadas, visando não somente o controle  eleitoral das suas áreas de império, mas, também, a lavagem de dinheiro e a formação de grupos paramilitares com funções operativas bem definidas, como, uma facada aqui e acolá.

O que percebemos na atualidade? Uma eleição polarizada por dois candidatos inexpressivos que tiveram como padrinho político o Sr. Lula da Silva. Surpreendidos com a minha tese, caros leitores? Tenham um pouco de paciência... e vamos lá! O que seria do Capitão Bolsonaro, um conservador falastrão, saudoso da Ditadura militar, se o Sr. Lula não fizesse o que fez, montando a maior quadrilha de larápios de quase todas as cores partidárias para assaltar as empresas estatais, colocando companheiros no STF, muito dos quais sem nenhuma legitimidade jurídica para exercerem essa relevante função? Lula não só destruiu a Esquerda, como deu motivação para o crescente discurso anticomunista, transformando a nossa juventude, que, outrora foi libertária, em raivosos reacionários. E para fazer frente ao Capitão, nada melhor do que o Haddad, um garoto que ele preparou para ser Prefeito de São Paulo, pouco importando se foi um péssimo administrador, pois essencial é que seja uma marionete, assim como foi a “presidenta” Dilma.

Será que “Ele” é mesmo o Bolso, como todos os lulistas afirmam? Não somente os lulistas, uma vez que o coro foi engrossado pelos seguidores do camaleônico FHC, pelos “golpistas” do PMDB, agora aliados do PT em muitos estados. Pelo visto, a quadrilha pluripartidária se realinhou, esquecendo as picuinhas do passado recente. Todos agora são os representantes da social-democracia, enquanto o Bolso é o “Ele”, o terrível representante do Senhor das Trevas. Engraçado, né? Muito, muito Hilario... se não fosse o prenúncio de uma tragédia.

Quase estava me convencendo que o Bolso era o “Ele”, pois para um socialista que viu companheiros serem mortos pela ditadura militar, convenhamos que essa tarefa é muito facilitada pelo que representa esse Capitão arruaceiro e nostálgico “dos bons tempos” da arrogância militar.  Porém, pequenos detalhes que podem parecer de importância diminuída, possuem o condão  de fazer disparar associações que ampliam a nossa capacidade de refletir sobre um conjunto complexo de coisas, no entanto, interligadas por elementos essências que dão sentido à totalidade articulada.

Ao ver essa foto publicado por um petista, mostrando  um pai desligando os aparelhos médicos porque o seu filho disse gostar de Bolsonaro, lembrei-me das declarações Georgina Martins, Professora de uma das universidades mais prestigiadas do país, especializada em Literatura Infantil e Juvenil, que o quase assassinato de Jair Bolsonaro não pode ser considerado tentativa de homicídio e sim legítima defesa dos oprimidos, em suas palavras, “... o episódio da faca foi a legítima defesa contra a intolerância que o candidato prega“.

Aí, o estalo. Esse é o pensamento do lulismo, e os assassinatos, as quedas dos aviões, a faca da “legítima defesa dos oprimidos”, fazem parte de um nefasto arcabouço ideológico do autoritarismo totalitário. Como explicar, por exemplo, que um pai desligue os aparelhos médicos porque seu filho pensa diferente? Tal insensibilidade, movida por um crença abstrata, só foi observada no totalitarismo stalinista, época em que um pai denunciava os filhos, tudo em nome da proteção dos camaradas. Essa insensibilidade psicótica destrói todos os laços de empatia social e familiar, instaura o medo, a insegurança, jogando todos os sonhos de igualdade e fraternidade na lata de lixo.

O Sr. Fernando Henrique Cardoso, ao alertar contra o perigo fascista, não percebeu ou não quiz perceber - possivel(mente) a manutenção do modelo patrimonialista corrupto seja a sua prioridade - do perigo do pensamento totalitário tupiniquim, aquele que se disfarça em “bom mocinho” liberal, mas que no “escurinho do cinema”, na calada da noite, mata, rouba, persegue e engana. O “Ele” não é o capitão conservador falastrão, mas é um coletivo de pessoas, dentre elas, o psicótico Lula, José Dirceu, a pequena marionete Haddad, os políticos e empresários corruptos que fazem parte de uma terrível organização criminosa que controlam as instituições republicanas.

Sou um comunista da velha guarda, e, como tal, não faço concessões à corrupção e ao totalitarismo, práticas ideológicas que são a extrema negação do ideário socialista. Não tenho medo de Bolsonaro, pois seu pensamento conservador pode ser limitado pelos inúmeros interesses divergentes que norteiam o Congresso e outras instituições representativas. Entretanto, um frio gélido percorre a minha espinha, só em pensar em uma vitória eleitoral do lulismo, pois com as suas práticas corruptas e o avanço do aparelhamento militar  - Dias Toffoli nomeou um general para tutelar interesses, simbolizando clara(mente) o chamamento disfarçado da intervenção militar -, ninguém conseguirá tirar o lulismo do Poder, pelo menos pelo voto.

Querem um portentoso exemplo das práticas manhosas que disfarçam as verdadeiras intenções do lulismo? Pois bem, vamos lá! O repúdio que os lulistas e aliados dizem ter pelos torturadores parece ser seletivo, pois não cansam de elogiar o Sr. Getúlio Vargas, aquele mesmo que comandou o Estado Novo, torturando e matando inúmeros companheiros, e se a memória não me falha, extraditou Olga Benário para ser morta em um campo de concentração nazista. O Sr. Lula é um mágico e disso estou convencido. O torturador mais pérfido foi, sem sombra de dúvida, o Delegado Sérgio Paranhos Fleury que montou uma organização sádica para torturar presos políticos, financiado por inúmeros empresários que cultivavam o deleite à assistência dos espetáculos macabros, dentre eles - pasmem os leitores -  o Sr. José de Alencar, aquele mesmo que foi vice-presidente do governo do Lula! Entretanto, magia é magia, e com um toque da sua varinha de condão, o Sr. Lula transformou o Sr. José em um democrata convicto. No entanto, enclausurado por uma sentença condenatória, ele vê em um capitão fanfarrão, nostálgico de um passado que não participou, o gênio da maldade fascista. 

Querem mais exemplos? Enquanto os neoliberais dizem explicita(mente) que vão privatizar as empresas estatais, os lulistas, por debaixo do pano, privatizam aos poucos as estatais para as empresas corruptas, como foi o caso da Petrobras. A Direita defende  abertamente o uso da violência contra os delinquentes, enquanto o lulismo usa a violência contra seus desafetos, estimula a violência de grupos paramilitares, tudo isso, é claro, na clandestinidade. Algumas alas da direita pregam à intervenção militar, enquanto o lulismo, na moita, dá os primeiros passos concretos para a intervenção das casernas - ao seu favor, é evidente - chamando um general de destaque para “aconselhar” os ministros do Supremo Tribunal Federal. Por essas e outras, não tomem como surpresa se o estaqueador “social” dê uma declaração que o atentado foi ideia do Bolsonaro, o que incial(mente) pensei, mas, pelo desenrolar dos fatos,  percebo que foi mais uma nefasta armação do lulismo. O lulismo é capaz de tudo, e como afirmava Leonel Brizola que o “Lula pisaria no pescoço da mãe para ganhar uma eleição”, dele pode-se esperar o inimaginável.

Não me escondo nos arbustos das palavras prostitutas. Em nome do meu passado, gostem ou não os falsos socialistas, os intelectuais que se encastelaram em privilégios estatais, afirmo: se essa for a opção do segundo turno, não votarei em nenhum dos candidatos, embora perceba que Bolsonaro é um mal menor, se comparado com o lulismo corrupto, autoritário e violento, pois com derrota do lulismo, a Esquerda poderá reconquistar o seu devido lugar histórico, purgando-se dos erros passados. Os avanços da síntese dialética não é linear, e o retorno hegeliano às situações pré-constituídas são de uma importância vital para o novo ressurgimento, lição aprendida e professada por Lenin na sua parábola do alpinista que cai e volta a escalar a montanha.

O trágico disso tudo é que o Brasil está precisando das fanfarrices do Sr. Bolsonaro para que se possa refletir sobre a importância da Democracia, negada e renegada ao longo da história. Não existe nenhuma Democracia a ser defendida, pois em nosso País ela não passa de uma mera semblância. Existe, isto sim, uma democracia a ser realizada com responsabilidade e coragem. Esse é o nosso desafio. Essa é a nossa missão.

Ivan Bezerra de Sant’ Anna




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