Poesia
(Em memória de Maria Iolanda Bezerra)
Leva-me poesia
Leva-me daqui
No meu baú que arrasto
Levo os sonhos vividos
E os sonhos que há de vir
Ô, poesia
Minha amiga de todos os dias
Do João Grilo de humor profano
Do brado amoroso de Castro Alves
As espumas flutuam macias
Das marolas e ondas que fui
À colisão da inevitável Rocha
Restam espumas memórias
Marolas, ondas, espumas
Não chorem: tudo oceano
Amei a todos
E nada esperei
Merecendo ou não
O fiz pelo prazer de amar
Por minha humana dignidade
Ah, meu filhinho
Cuida do meu Manuel
Proteja a Lagoa da Mata
Onde seu indomável capim
Sempre regado por minhas lágrimas
Leva-me poesia
Leva-me daqui
No meu baú que arrasto
Levo os sonhos vividos
E os sonhos que há de vir.