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terça-feira, 10 de junho de 2014

A Copa do jogo da bola




Está havendo uma limpeza das ruas brasileiras, no sentido de retirar os pedintes, ambulantes, os diversos tipos de marginalizados que poderiam criar uma péssima  impressão aos turistas da Copa do Mundo. O nosso Exército brasileiro está ajudando nessa gloriosa tarefa, pois em um país com uma grande densidade democrática, o nossos gloriosos soldados da pátria possuem inúmeras funções, dentre elas, as policiais. Vejo que a Ditadura militar foi quem introduziu essas inúmeras funções, o que se pode afirmar que os nossos generais plantaram uma semente democrática nos momentos de chumbo, interpretação baseada na sobrevivência dessas práticas.

Pelo que parece, a proibição nos EUA do Exército  ir às ruas das cidades é uma tradição um tanto obsoleta, bem como essa proibição que vige em outros países da Europa, como demonstra os atuais avanços democráticos no Brasil. Claro que quando houve a Copa do Mundo na França, Inglaterra, Alemanha, o policiamento era feito pela Polícia e os dignos soldados das forças armadas desses países, ficavam na caserna e vendo a Copa pela televisão. Já na África do Sul que é uma das mais avançadas democracias do mundo, assim como o Brasil, usou as gloriosas forças armadas para policiar as ruas. Pelo visto, o Brasil do Lulismo é mais que moderno, onde as baionetas, canetas judiciais, a bola, as bolsas "disso é daquilo" formam uma bela salada de frutas tropicalente.

O Brasil é um país fantástico! Tudo funciona do jeitinho brasileiro. A pobre taça Jules Rimet que consegui sobreviver a 2ª Guerra mundial, a tentativa de roubo na Inglaterra, mesmo com a proteção dos braços aberto do Cristo Redentor, teve um triste fim e hoje, possivelmente, descansa em alguma galeria de um rico colecionador, apesar do relatório policial declarando que a pobre Jules virou barra de ouro. O que foi derretida foi a vergonha desses policiais com essa conclusão cínica que objetivou encobrir alguém.

Já somos o País mais corrupto do mundo ou em palavras mais amenas: um País com uma elite compostas de pessoas muito sabidas que alternam com muito eficiência a tapeação e o tacape. Infelizmente é Copa do mundo só veio confirmar esse título que foi  conquistado ao longo do tempo por jogadores habilidosos e criativos, sempre driblando a moralidade pública com firulas imortais, fazendo inveja ao Pelé, Garrincha e outros. Quem é a nossa verdadeira Seleção de craques? Será a de Neymar, Fred, Marcelo, Thiago? Ou a de Sarney, Emilio Oderbrect, Maluf, Lula, Constantino? Esse último escrete já é vencedor imbatível no jogo da bola, e o primeiro escrete vai tentar ser hexa, chutando a bola. Chutar ou pegar a bola, eis a diferença de um jogo para outro. Seja qual for o resultados dos nossos esforçados garotos chutadores de bola, mesmo antes de começar a Copa, já seremos super campeões de um esporte onde colocar a mão na bola não é infração, mas o caminho para ovação e para a ribalta.

As cidades fervilham em protestos, imensos movimentos sob diversas óticas e interesses, sem comandos hierárquicos, uma massa quase amorfa que combina diversos tipos de protestos, inclusive aqueles de uma grande violência destrutiva. "Isso é fascismo; são movimentos factuais que destroem o tecido democrático", dizem os governantes, respondendo com as tropas federais nas ruas. Em nosso País, as legiões sempre cruzaram o rio Rubicão e os resultados nunca foram dos melhores. Entretanto, o que as nossas elites governantes não conseguem ou não querem ver é que esses famosos movimentos "sem lenço e sem documentos", tem suas origens e motivações na destruição do velho espaço normativo-instituicional, dos planejamentos urbanos acordados em lei, substituídos por uma plasticidade pragmática e pontual das demandas sociais. Tudo isso moldado por princípios indefinidos, manipulados pelos flexíveis planejadores estatais e pelo Judiciário.

E,nada melhor do que deixar os "bolsistas desvalidos"  invadirem áreas de proteção ecológicas, terrenos públicos reservados para obras públicas, pois essas serão as áreas futuras que Capital imobiliário possessivo usará para a construção da sua pós-modernidade neo-liberal, preferencialmente financiada pelo dinheiro público. A fórmula é simples: "vamos deixar invadir em nome das demandas alternativas e depois tomaremos em nome da lei, criada e recriada pelo nosso aliado, o Judiciário". Afinal, o neo-liberalismo é contra o monopólio, a não ser que seja ao seu favor.

Cinicamente, os governantes atuais, acobertados sob as vestes de falsas tintas rubras, lamentam a ausência de organização dos movimentos das ruas, como se esse fenômeno fosse algo que irrompeu de um misterioso Id freudiano, forças atávicas titânicas. Essa miopia, um tanto desonesta, não os permitem ver que foram eles que desmobilizaram os movimentos de massas organizados, os agrupamentos da sociedade civil, anexando-os por suborno ou por obediência ideológica-partidária, à máquina governamental. Não percebem ou não querem perceber, a violência do Capital neo-liberal que se impõe sobre a sociedade e o espaço de convívio das cidades. O mal de Alzheimer que se alastra e destrói os poucos neuróticos saudáveis de alguns integrantes do Lulismo, provoca uma amnésia lastimável em relação ao processo dialético que outrora faziam uso, inclusive da bela mensagem do poeta alemão, B. Brecht, que diz: "Dizem violento o rio, mas esquecem as margens que o oprime".  



A Copa é tudo e representa o melhor dos mundos, mesmo que seja por um mês. E depois, como fica a saúde, o transporte urbano, a educação? Bom, existem as Arenas e quando o seu filho adoecer, não se faça de rogado: corra com a criança nos braços para as benditas Arenas, administradas pelas empreiteiras, pois nelas estão o dinheiro que deveriam ir para os hospitais.

Ivan Bezerra de Sant Anna



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