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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A viagem

A viagem



Essa massagem me fez bem. Até que fim consigo respirar livremente, livrando-me desses aparelhos e dessa dor renitente nas minhas costas. Como é bom aspirar com os pulmões sadios as brisas salinas que vem do Porto da Barra! Lembro-me do bairro da Ribeira onde o mar sem preconceito abraçava as areias praianas, o vento era ameno e o silêncio brigava com os raros carros que passavam. Aprendi a dirigir um deles lá e ainda não sei porque me chamavam o terror da ribeira, afinal uma batidinha aqui e acolá faz parte de qualquer aprendizado.

Acho que a minha filha contava uma história e percebo que adormeci em seus braços.  Ah, as histórias... A minha, como a da maioria das pessoas, não foi um conto de fadas, um transcurso das fantasias, no entanto, sempre houve algo mágico quando olhava para meus filhos que se espigavam no transcurso do tempo e estava na companhia dos meus irmãos, netos, sobrinhos e amigos. Mesmo nas dores da separação, como esquecer quem me ajudou a ter filhos maravilhosos e em alguns momentos recitamos a palavra amor? Essa é a vida que tive e não queria ter tido outra, pois essa foi a minha vida, a música dos meus ouvidos, a dança que bailei nos bailes infinitos da minha existência. Entre dores e alegria posso dizer que dancei a vida.

E como gostava de dançar! Quanto às viagens que sempre amei, tenho a impressão que nenhuma vai se comparar a essa. Uma viagem que percebo não ter destino específico, mas o prazer de um andarilho que só lhe basta o bater dos pés no chão. Entendo agora que o importante é o caminho e não o destino. Não sei quem vou encontrar, mas isso não importa. Nessa estrada de nada servem as diversas explicações religiosas que as pessoas tentam suprir o medo do desconhecido, pois percebo que tenho asas e sinto o vento, alternando com piruetas dançantes, o andar e o voar. Não vou olhar para trás! Trago em meu ser todos os meus amores acumulados, as lembranças das pessoas queridas, mais de perto, as dos meus filhos amados. Espero que eles sigam em frente para dignificar a vida que lhes dei, porque a dor forte deve ser conjugada no presente do indicativo, mas logo deverá ir ao pretérito-mais-que-perfeito. Desejo que pensem em mim como uma lembrança graciosa dos momentos eternizados pelo amor e jamais pela ilusão da minha ausência. Deixe-me seguir em frente e nada de choramingos!

À Deus,

Ivete
 

Publicado no site http://www.facebook.com/ibezerra52; http://ibezerra.xpg.com.br e no Blog http://terradonunca-ibezerra.blogspot.com/




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