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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Não

Não 

Ao nascer
Berrei um Não  
E na linha do tempo 
Formo e transformo
Dizendo Não 

Às baionetas que calam caladas
Os afagos dos porretes esclarecidos
Milícias das palavras gatunas
Pardas nos telhados soturnos    
Não! Um sonoro não!

Às mulheres posseiras
Propriedades devolutas
Julietas sem magia
Canto engaiolado
Gaguejo assustado
Um abismado Não 

Se o ovo anuncia
Desdita profecia
Morro em cada dia
Faço do Não 
A magia
Da noite 
O dia

Das ondas quebrantes 
As espumas insistem
Não, elas dizem
Eclodem da dor sentida 
Areia úmida e maresia
Ondas assumidas
Logo mar outra vez



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