Que fazer?
Essa é uma indagação clássica, desde da época dos nossos ancestrais macacos, até as nossas presentes macacadas. Como devem rir, os nossos aparentados chipanzés! Para eles - penso eu -, as coisas seriam mais simples, não fossem as destrutivas interferências dos seus renegados e
presunçosos parentes, os homos sapiens.
Me encantou essa frase, desde que tive o contato epidérmico com uma coleção de folhas de papel, intitulado “O que fazer?”, do genial Nikolai Tchernychiévski, obra de cabeceira de Vladimir Ilyich Ulianov, que, ao sofrer a flechada do cupido, em certos momentos cruciais da política russa, não teve dúvidas ao surrupiar essa frase apaixonante.
Em meio à crise coronária 19, o estômago entra em processo revolucionário e o meu coração se acelera! Não é um acelerado de ritmos alternados e fatais dos que tomam cloroquina e nem o frenesi agônico das minhas lombrigas, como aquelas que agonizam quando são atacadas por Ivermectina. Em verdade, esse mal-estar reflete uma pressão do psiquismo, um somatismo dos graves problemas existenciais e políticos.
Não é para menos. Essa crise virótica reduz tudo, não ao zero, mas ao “menos que nada”, como diria Hegel. É que para esse engenhoso dialético, “o menos que nada” é o tudo em conflito de significações, uma entupida inflação de significados que se digladiam destrutivamente, reduzindo o Ser ao “ser e não ser”. Essa absurda esquizofrenia ontológica não nos leva ao nada - ainda que fosse, pois quantas vezes dissemos: quero desaparecer! -, mas somos remetidos à noite do mundo, local dos zumbis, dos mortos-vivos.
E nesse mundo dos filmes de cortes oníricos, no mundo do salve-se quem puder, “farinha pouco, meu pirão primeiro”, vige o “cada um por si e Deus por todos”. Pobre Deus! Quanta responsabilidade! Por reza, o mundo estaria salvo, exclama o descrente. O piedoso empresário do transporte urbano reza por todos e pede que os fiéis se juntem, tais como sardinhas em latas, nos ônibus-templos de solidariedade entre a rentabilidade do lucro e a imunidade de rebanho. Um prefeito com olhos vermelhos, choramingando, em lágrimas de choro-cebola, licita a emoção, contrata hospital show de campanha, boas-vindas ao milhão.
As cebolas irritam os olhos. Águas de cebolas. Os crocodilos choram. Lágrimas de crocodilos que fluem quando abrem às suas imensas bocas. Os banqueiros recebem um trilhão e choram. Lágrimas do capital que cresce e se reproduz sem nada produzir. Um colega lhes prometeu um grande banco estatal. Um bom consolo. Nada mal.
O empresário carrapato chora por novas terceirizações. Os empresários rurais sonham por queimadas amazônicas e pelos novíssimos pastos com gados ecológicos. Por mais dinheiro do prouni, sonham as faculdades privadas, empresas de demandas garantidas pelo erário público. Uma nova modalidade do capitalismo, imunes contra as crise econômicas e isentas de responsabilidades competitivas. As clínicas médicas privadas, através de convênios estatais, querem as suas fatias. E o corona, o que fazer? Ora, dizem os proprietários, “o Estado que nos paguem pelos nossos serviços”.
Afinal, que fazer? Quem é quem, nesse país do “vale de lágrimas? Todos e ninguém ao mesmo tempo? Um Congresso sem partidos, repartido em bancadas “disso e daquilo”, todos chorosos, almas piedosas, representantes deles mesmos, democratas e liberais de carteirinha, que ao primeiro clamor das críticas ácidas, se refugiam no biombo de legislações censoras? Talvez nessa emocionalidade do chororô, eles confundam Democracia com a imunidade para as suas inconfessáveis imoralidades, a não ser que eles acreditem que o mensalão que financiava as suas campanhas seja uma nova modalidade democrática, a famosa e usual livre compra da vontade popular.
Se os chorosos rezadores congressuais estivessem tão preocupados com o Estado Democrático de Direito, eles, por certo, jamais teriam assistidos de camarote, o aparelhamento dos tribunais superiores, a exemplo do STF, por governantes que rimam democracia com hipocrisia e malandragem. Nunca teriam permitido que juízes passassem por cima das leis e da Constituição, “deitando e rolando” (palavras de um ex-ministro), através de extensões de competência e materialidade, com o uso de princípios abstratos, vagos e indeterminados, na ausência desses, os princípios “disso e daquilo”, inventados para a comodidade de amigos, partidos políticos e outros interesses inconfessáveis.
Estamos vivendo um Brasil caótico, onde tudo “é menos que nada”. Promotores de justiça são pesquisadores médicos e os juízados são agências normativas de saúde pública. Nos países desenvolvidos não se ouve falar em juízes que se intrometem nos exames de conveniência tecnica das agências estatais. Mas como em nossa terrinha, alguns se julgam “mais de que tudo”, os nossos juízes são cientistas, artistas, legisladores e administradores. O interesse e a vaidade são tão relevantes para esse nobres deuses, que juízes do trabalho estão se julgando competentes para dirimir conflitos entre empresas e o Estado, quando todos nós somos sabedores que esses juízos existem para resolver conflitos entre o capital e o trabalho!
Um desembargador desmascarado, com arrogância de um francês falsificado, recorre ao “você sabe com quem está falado?”, uma frase que é a pérola do autoritarismo anti-republicano, para humilhar um servidor público. Portanto,um conselho, queridos colegas: vamos rasgar os nossos livros de doutrina, pois no mundo Brasil “menos que nada”, tudo é verdade, tudo é mentira.
Assim convido-os ao bom relaxamento do humor, a analisar os dois pronunciamentos separados pela linha do tempo do Sr. Ministro Moraes - o já conhecido carinhosamente como “cabeça de ovo” -, sendo que o primeiro, ainda postulante por uma vaga no STF, ele dizia que se Corte se decidir pelo não reconhecimento da prisão após o julgamento de 2º grau, ela deveria ser fechada pelo povo. No segundo, ele já ministro, em resposta aos pedidos de fechamento do STF por parte de grupos protestantes, o nosso ministro “cara pálida e cabeça pelada” não só ameaça os manifestantes, como ordena as prisões de alguns deles. Tudo isso em defesa da democracia. Um tipo de democracia maleável, reciclável, de valor casual e temporário. Uma dama de costumes fáceis roda a bolsa na rua do desejo.
O pavor esbugalha os olhos, tira o discernimento científico e dá um chute no bom senso. O pensar que nos tornou um ser “em-si” e “para-si” é substituído pela paranóia delirante que alicerça uma reativa psicose generalizada, regida por alguns psicóticos patológicos. E O rato apavorado sempre cai na boca do rato. No desespero, tudo vale: benzina, cloroquina, turmalina, criolina, Ivetizina, gasolina, roubalina. Tudo é melhor que nada. Tudo é o menos que nada.
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terça-feira, 21 de julho de 2020
Que fazer?
sábado, 21 de março de 2020
Quem lucra com a histeria?
Quem lucra com a histeria?
Um conhecido, pessoa que não vou revelar o nome, me telefonou alarmado em decorrência de uma foto acontecido em sua rua. Estava ele dormindo, quando foi acordado por um ruído da estridência de uma solitária panela, proveniente da casa do seu vizinho, o engenheiro Rui Seixas, que, coincidentemente, é um velho amigo de infância.
Preocupado, esse conhecido correu à casa do nosso Rui, imaginando que ele estava em perigo. Um assalto, um mal súbito ou até o agravamento da sua portentosa gota, o que lhe fez ficar conhecido como “pé de bolo”. Ao chegar, se deparou com uma cena inusitada: o Rui estava totalmente nu - pode haver visão mais horripilante? -, com uma panela em uma mão, um vidro sem rótulo de álcool gel na outra, olhos revirados de cobra d’água, cuspido palavras enviesadas, das quais se podia ouvir com muito esforço, “fora, fora”.
O cenário era surrealista! Inúmeras garrafas pet abarrotadas de feijão, arroz, farinha, espalhadas por todos os cantos da sala, e, presumidamente, todos os cômodos deviam seguir a mesma constelação ⎌artística. Olhando para o alto, o nosso conhecido se assustou, porque pensou ter visto muitas e imensas cobras, silvando assustadoramente para ele. De repente, uma vozinha assustada: “são linguiças e carnes defumadas penduradas!”. A pobrezinha que sussurrou era uma moça de mais ou menos 54 anos, possivelmente sua cuidadora, inferência em decorrência a idade avançada do nosso Rui.
Em dado momento, a porta da casa estava cheia de curiosos, e em meio a eles, alguém falava com a preocupações com os ratos, que já rondavam com olhares famintos e gulosos para o eldorado armazém do Rui. “Já não basta o coronavírus e também vamos ter de conviver com a peste bulbônica?”, salivou outro com a cara de saguim.
Não se preocupem, caros leitores! Tudo está sob controle, o Rui foi medicado com tranquilizantes pelo Samu, os agentes de saúde já confiscaram o perigoso estoque regulador, e a casa devidamente arejada e desinfectada com produtos confiáveis, já que o imenso estoque de álcool gel da casa era de procedência duvidosa, o que não é novidade para quem conhece o “mão de vaca” Rui Bolo.
Qual a lição que tiramos desse acontecimento?
O coronavírus é altamente contagiante, mortal para algumas pessoas que se encontram em faixa de risco, no entanto, comportamentos como esse não são eficazes na luta contra a pandemia.
Não é o momento para lutas políticas pelo Poder, uma vez que atitudes dessa natureza são oportunistas, que buscam ganhos políticos com essa terrível crise. Grupos políticos, seja de A ou de B, que fazem da crise uma oportunidade para o seu crescimento, em verdade só demonstram estreiteza de caráter político e um egoísmo imensurado. Criar crises diplomáticas, atos de exemplos irresponsáveis, criar histeria para o consumo visando argutamente provocar o desabastecimento de bens, dentre outros, são atitudes políticas irresponsáveis e criminosa. Para certos grupos políticos, cultivadores da máxima “quanto pior, melhor”, esse momento crítico é a sopa no mel para seus propósitos, mas para a nação brasileira será uma catástrofe.
O governo está confuso, cometendo erros de avaliação, e as críticas são necessárias, mas as críticas construtivas. Nesse momento, atos de má fé que visam lucrar com a crise, seja de empresários sem escrúpulos ou de políticos ávidos pelo Poder, são levianos, irresponsáveis e criminosos.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
Um conhecido, pessoa que não vou revelar o nome, me telefonou alarmado em decorrência de uma foto acontecido em sua rua. Estava ele dormindo, quando foi acordado por um ruído da estridência de uma solitária panela, proveniente da casa do seu vizinho, o engenheiro Rui Seixas, que, coincidentemente, é um velho amigo de infância.
Preocupado, esse conhecido correu à casa do nosso Rui, imaginando que ele estava em perigo. Um assalto, um mal súbito ou até o agravamento da sua portentosa gota, o que lhe fez ficar conhecido como “pé de bolo”. Ao chegar, se deparou com uma cena inusitada: o Rui estava totalmente nu - pode haver visão mais horripilante? -, com uma panela em uma mão, um vidro sem rótulo de álcool gel na outra, olhos revirados de cobra d’água, cuspido palavras enviesadas, das quais se podia ouvir com muito esforço, “fora, fora”.
O cenário era surrealista! Inúmeras garrafas pet abarrotadas de feijão, arroz, farinha, espalhadas por todos os cantos da sala, e, presumidamente, todos os cômodos deviam seguir a mesma constelação ⎌artística. Olhando para o alto, o nosso conhecido se assustou, porque pensou ter visto muitas e imensas cobras, silvando assustadoramente para ele. De repente, uma vozinha assustada: “são linguiças e carnes defumadas penduradas!”. A pobrezinha que sussurrou era uma moça de mais ou menos 54 anos, possivelmente sua cuidadora, inferência em decorrência a idade avançada do nosso Rui.
Em dado momento, a porta da casa estava cheia de curiosos, e em meio a eles, alguém falava com a preocupações com os ratos, que já rondavam com olhares famintos e gulosos para o eldorado armazém do Rui. “Já não basta o coronavírus e também vamos ter de conviver com a peste bulbônica?”, salivou outro com a cara de saguim.
Não se preocupem, caros leitores! Tudo está sob controle, o Rui foi medicado com tranquilizantes pelo Samu, os agentes de saúde já confiscaram o perigoso estoque regulador, e a casa devidamente arejada e desinfectada com produtos confiáveis, já que o imenso estoque de álcool gel da casa era de procedência duvidosa, o que não é novidade para quem conhece o “mão de vaca” Rui Bolo.
Qual a lição que tiramos desse acontecimento?
O coronavírus é altamente contagiante, mortal para algumas pessoas que se encontram em faixa de risco, no entanto, comportamentos como esse não são eficazes na luta contra a pandemia.
Não é o momento para lutas políticas pelo Poder, uma vez que atitudes dessa natureza são oportunistas, que buscam ganhos políticos com essa terrível crise. Grupos políticos, seja de A ou de B, que fazem da crise uma oportunidade para o seu crescimento, em verdade só demonstram estreiteza de caráter político e um egoísmo imensurado. Criar crises diplomáticas, atos de exemplos irresponsáveis, criar histeria para o consumo visando argutamente provocar o desabastecimento de bens, dentre outros, são atitudes políticas irresponsáveis e criminosa. Para certos grupos políticos, cultivadores da máxima “quanto pior, melhor”, esse momento crítico é a sopa no mel para seus propósitos, mas para a nação brasileira será uma catástrofe.
O governo está confuso, cometendo erros de avaliação, e as críticas são necessárias, mas as críticas construtivas. Nesse momento, atos de má fé que visam lucrar com a crise, seja de empresários sem escrúpulos ou de políticos ávidos pelo Poder, são levianos, irresponsáveis e criminosos.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
quinta-feira, 19 de março de 2020
O corona e a carona
O corona e a carona.
“Olhe, o Corona tem coroa. Quem tem coroa é rei. Sou coroa, mas não sou corona. O Corona precisa de carona que é a mulher do Corona. Por trás de um Corona tem uma grande carona. Não dê carona ao corona!”
(Uma certa senhora)
Confesso que não sei se a citação acima é de uma determinada senhora. Os fakes se proliferam com a velocidade que deixariam qualquer vírus coranarius corados de timidez, causando um furioso ataque à lucidez das pessoas. E “haja fakes!”, ou melhor, vírus ideológicos que se encontravam dormindo em berço esplêndido, mas que ressurgem na forma de fake news, teorias de conspirações, paranóias e explosões de racismo e machismo. Entretanto, em meio ao um estilo literário um tanto extravagante, essa senhora tem razão em um ponto: não se pode dar carona ao Corona!
E como estão dando...
Empresários gananciosos - para a maioria dos capitalistas, essa frase é um pleonasmo! -, começam o processo de aumentar abusivamente os preços dos seus produtos, aproveitando-se para lucrar com essa terrível crise de saúde.
Políticos que se voltam de costas para população,
promovem o alarmismo, decretando medidas contraditórias, com o único objetivo de lucrar politicamente com a crise, do tipo, “lençol curto só cobre a cabeça ou os pés”. Como vamos entender as inúmeras limitações, como, por exemplo, a suspensão das aulas, se é permitido que as pessoas possam encher as praias, os shopppings, etc.? É aquela história do lençol, tira uma pessoa de uma sala de aula, permitindo que ela se misture com milhares de banhistas. Isso é lógico? Ora, na Itália onde a crise é grave, o governo ao impor severas limitações, proibiu às pessoas de irem às ruas. Entretanto, uma indagação: pelos dados atuais da disseminação do vírus, no Brasil será necessária medidas tão profundas?
Causou comoção na mídia, o fato do presidente da república sair do Palácio Alvorada para cumprimentar pessoas que protestavam contra o STF e o Congresso Nacional, fato esse, defendido por uns - como foi o caso das declarações do Ministro Barroso do STF -, e ojerizado por outros. Um ato de coragem ou de irresponsabilidade? O julgamento é do leitor, pois em ambas as hipóteses existem argumentos razoáveis e ponderáveis.
O mais preocupante, no entanto, é a sabedoria ladina de alguns políticos que, devido ao esquecimento motivado pela hegemonia noticiosa do Coronavírus, se preparam para a aprovação de leis controvertidas e lesionárias ao interesse dos trabalhadores e daqueles que são genuinamente patriotas.
O cardápio é imenso, desde de reformas finais da aposentadoria, retirada de direitos trabalhistas e vendas das estatais. Nesse contexto, o cinismo interesseiro do Sr. Paulo Guedes torna-se cristalino. O senhor Ipiranga afirma que para combater as consequências do terrível vírus, torna-se necessário a venda das estatais, acrescentando que vai irrigar dinheiro para as empresas, principalmente para as empresas médicas privadas. Ou seja: quem vai pagar a conta é a população, como sempre, porque o erário público é construído com o nosso precioso dinheiro.
Se o nosso cínico ministro da economia está acometido pelo vírus ideológico do individualismo possessivo, o mesmo não se dá com os seus colegas europeus, com exemplos expressivos da Itália, França e Espanha, uma vez que esses países já decretaram a possibilidade de estatizar empresas privadas e a intervenção no sistema de saúde privado. Esses ministros da economia são terríveis e maldosos socialistas que estão se aproveitando desse terrível momento? Não!!! Com exceção da Espanha que é governada por socialistas, são ministros que professam o liberalismo econômico, mas que perceberam que somente um Estado forte que induza à solidariedade pode enfrentar razoavelmente esse momento terrível que seus países enfrentam. Não um Estado máximo para os capitalistas e mínimos para o restante da população, mas um Estado que represente a população, forte na mediação dos conflitos, gerenciador dos nossos recursos estratégicos, hegemônico principalmente nas áreas da saúde e educação, uma vez a busca pelo lucro não combina com atividades sociais que é direito essencial de todos.
Se essa crise virótica está isolando as pessoas, mantendo-as confinadas em suas residências, por uma razão astuciosa da dialética, vetoriza a uma reflexão sobre a igualdade, a empatia e a solidariedade. É o terrível vírus dialectus, aquele bichinho incrustado na cabeça das pessoas, desde o primórdio da humanidade, também comumente conhecido como o vírus do pensar. “Pensa eu, pensa tu, pensa voce..., pensamos nós”. Verbo que te quero verbo. O princípio é o verbo, diz a Bíblia. O verbo denota o ato de fazer, um fazer do ser humano que se somente individualista como querem os defensores do neoliberalismo, esse ato se transforma em uma guerra de todos contra todos, o império da lei do mais forte, um mercado político-econômico que impera a falsa liberdade de uma raposa livre em um galinheiro livre.
Essa crise, se não é a maior que a humanidade passou, é, pelo menos, a mais assustadora e geradora de medos, inseguranças e paranóias. Pela primeira vez, as pessoas estão confinadas, assustadas pelo contato mais próximo com outras pessoas, mesmo que elas sejam do seus círculos amorosos mais estreitos. Talvez, quem sabe, dessa prova dura de confinamentos, elas anseiem pela expansão das suas individualidades, buscando na empatia, o sentimento das dores dos outros, e na solidariedade, o fazer comum e compartilhado em busca de soluções integrativas mais justas e de comum humanidade. Assim é possível que se tornem verdadeiramente cristãs, uma vez que para o Nazareno, o verbo que principia o fazer era conjugado primeira pessoa do plural, um ato coletivo onde o peixe e o pescado é repartido por todos em igualdade.
Talvez comecem a perceber que a busca pela igualdade é o motor dialético das mudanças, sendo a liberdade o instrumento coletivo para consegui-la. Ante a liberdade predadora da ave de rapina do neoliberalismo, o voo livre e harmônico das gaivotas solidárias que primam por uma liberdade guiada pela empatia, pois as dores e prazeres são comum a todas. Um voo globalizado, não somente de mercadorias, mas de direitos conquistados e partilhados, como uma rede global de saúde, educação e distribuição de renda.
Isso é socialismo, comunitarismo? Pouco importa os “ismos”, pois antes de tudo é ser verdadeiramente cristão. Uma nova homilia? Não, apenas o retorno às catacumbas onde ainda ressoavam a voz do Mestre.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
“Olhe, o Corona tem coroa. Quem tem coroa é rei. Sou coroa, mas não sou corona. O Corona precisa de carona que é a mulher do Corona. Por trás de um Corona tem uma grande carona. Não dê carona ao corona!”
(Uma certa senhora)
Confesso que não sei se a citação acima é de uma determinada senhora. Os fakes se proliferam com a velocidade que deixariam qualquer vírus coranarius corados de timidez, causando um furioso ataque à lucidez das pessoas. E “haja fakes!”, ou melhor, vírus ideológicos que se encontravam dormindo em berço esplêndido, mas que ressurgem na forma de fake news, teorias de conspirações, paranóias e explosões de racismo e machismo. Entretanto, em meio ao um estilo literário um tanto extravagante, essa senhora tem razão em um ponto: não se pode dar carona ao Corona!
E como estão dando...
Empresários gananciosos - para a maioria dos capitalistas, essa frase é um pleonasmo! -, começam o processo de aumentar abusivamente os preços dos seus produtos, aproveitando-se para lucrar com essa terrível crise de saúde.
Políticos que se voltam de costas para população,
promovem o alarmismo, decretando medidas contraditórias, com o único objetivo de lucrar politicamente com a crise, do tipo, “lençol curto só cobre a cabeça ou os pés”. Como vamos entender as inúmeras limitações, como, por exemplo, a suspensão das aulas, se é permitido que as pessoas possam encher as praias, os shopppings, etc.? É aquela história do lençol, tira uma pessoa de uma sala de aula, permitindo que ela se misture com milhares de banhistas. Isso é lógico? Ora, na Itália onde a crise é grave, o governo ao impor severas limitações, proibiu às pessoas de irem às ruas. Entretanto, uma indagação: pelos dados atuais da disseminação do vírus, no Brasil será necessária medidas tão profundas?
Causou comoção na mídia, o fato do presidente da república sair do Palácio Alvorada para cumprimentar pessoas que protestavam contra o STF e o Congresso Nacional, fato esse, defendido por uns - como foi o caso das declarações do Ministro Barroso do STF -, e ojerizado por outros. Um ato de coragem ou de irresponsabilidade? O julgamento é do leitor, pois em ambas as hipóteses existem argumentos razoáveis e ponderáveis.
O mais preocupante, no entanto, é a sabedoria ladina de alguns políticos que, devido ao esquecimento motivado pela hegemonia noticiosa do Coronavírus, se preparam para a aprovação de leis controvertidas e lesionárias ao interesse dos trabalhadores e daqueles que são genuinamente patriotas.
O cardápio é imenso, desde de reformas finais da aposentadoria, retirada de direitos trabalhistas e vendas das estatais. Nesse contexto, o cinismo interesseiro do Sr. Paulo Guedes torna-se cristalino. O senhor Ipiranga afirma que para combater as consequências do terrível vírus, torna-se necessário a venda das estatais, acrescentando que vai irrigar dinheiro para as empresas, principalmente para as empresas médicas privadas. Ou seja: quem vai pagar a conta é a população, como sempre, porque o erário público é construído com o nosso precioso dinheiro.
Se o nosso cínico ministro da economia está acometido pelo vírus ideológico do individualismo possessivo, o mesmo não se dá com os seus colegas europeus, com exemplos expressivos da Itália, França e Espanha, uma vez que esses países já decretaram a possibilidade de estatizar empresas privadas e a intervenção no sistema de saúde privado. Esses ministros da economia são terríveis e maldosos socialistas que estão se aproveitando desse terrível momento? Não!!! Com exceção da Espanha que é governada por socialistas, são ministros que professam o liberalismo econômico, mas que perceberam que somente um Estado forte que induza à solidariedade pode enfrentar razoavelmente esse momento terrível que seus países enfrentam. Não um Estado máximo para os capitalistas e mínimos para o restante da população, mas um Estado que represente a população, forte na mediação dos conflitos, gerenciador dos nossos recursos estratégicos, hegemônico principalmente nas áreas da saúde e educação, uma vez a busca pelo lucro não combina com atividades sociais que é direito essencial de todos.
Se essa crise virótica está isolando as pessoas, mantendo-as confinadas em suas residências, por uma razão astuciosa da dialética, vetoriza a uma reflexão sobre a igualdade, a empatia e a solidariedade. É o terrível vírus dialectus, aquele bichinho incrustado na cabeça das pessoas, desde o primórdio da humanidade, também comumente conhecido como o vírus do pensar. “Pensa eu, pensa tu, pensa voce..., pensamos nós”. Verbo que te quero verbo. O princípio é o verbo, diz a Bíblia. O verbo denota o ato de fazer, um fazer do ser humano que se somente individualista como querem os defensores do neoliberalismo, esse ato se transforma em uma guerra de todos contra todos, o império da lei do mais forte, um mercado político-econômico que impera a falsa liberdade de uma raposa livre em um galinheiro livre.
Essa crise, se não é a maior que a humanidade passou, é, pelo menos, a mais assustadora e geradora de medos, inseguranças e paranóias. Pela primeira vez, as pessoas estão confinadas, assustadas pelo contato mais próximo com outras pessoas, mesmo que elas sejam do seus círculos amorosos mais estreitos. Talvez, quem sabe, dessa prova dura de confinamentos, elas anseiem pela expansão das suas individualidades, buscando na empatia, o sentimento das dores dos outros, e na solidariedade, o fazer comum e compartilhado em busca de soluções integrativas mais justas e de comum humanidade. Assim é possível que se tornem verdadeiramente cristãs, uma vez que para o Nazareno, o verbo que principia o fazer era conjugado primeira pessoa do plural, um ato coletivo onde o peixe e o pescado é repartido por todos em igualdade.
Talvez comecem a perceber que a busca pela igualdade é o motor dialético das mudanças, sendo a liberdade o instrumento coletivo para consegui-la. Ante a liberdade predadora da ave de rapina do neoliberalismo, o voo livre e harmônico das gaivotas solidárias que primam por uma liberdade guiada pela empatia, pois as dores e prazeres são comum a todas. Um voo globalizado, não somente de mercadorias, mas de direitos conquistados e partilhados, como uma rede global de saúde, educação e distribuição de renda.
Isso é socialismo, comunitarismo? Pouco importa os “ismos”, pois antes de tudo é ser verdadeiramente cristão. Uma nova homilia? Não, apenas o retorno às catacumbas onde ainda ressoavam a voz do Mestre.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
sexta-feira, 13 de março de 2020
A mulher
A mulher
Ao completar oitenta "e lá vai fumaça", uma idade plenamente morrível - apesar que ao nascer todo vivente entra na faixa do morrível, embora quase ninguém perceba essa verdade -, viúvo uma vez e namorado várias vezes, nesse momento, tenho a plena certeza que viver não necessariamente significa sobreviver. Olho para o jardim da vida, onde as rosas e urtigas entre “tapas e beijos” convivem, sonhos e dores gritam em sinfonia caótica como em um bando de chipanzés em cio, gosto dele, do seu perfume, e a sua incompletude me anuncia que já fiz o bastante como um elefante velho que segue seu bando, mas os sonhos - esses filhos da puta teimosos -, insistem na magnânima ideia que, enquanto houver uma mínima brisa de ar respirável, sou um Romeu à procura da Julieta livre, e quando a encontrar, um Otelo sem paranoias psicóticas, convivendo, amando, uma Desdêmona “vivinha da Silva”, cheia de fantasias e amor.
Em minhas andanças por esse mundo a fora me deparei com muitas coisas que fariam uma mula sem cabeça ser tão normal quanto ao pio de uma coruja em noite cheia de breu.
Uma certa vez, em um certo interior litorâneo, aluguei uma casa para uma temporada, que me informaram ter sido de um casal oriundo de Minas Gerais. Me contaram que após o marido morrer, a companheira mudou-se e nunca mais se tinha ouvido falar dela.
Percebi que havia uma velha estante na sala, preenchida por alguns livros, segundo o atual proprietário, eram do antigo casal, e como eram bonitos foram ficando, ficando, até virar patrimônio da casa. Possivelmente, nenhum inquilino leu, pois eram escritos em alemão, língua não muito próspera em nosso país.
Certo dia, comecei a folhear alguns deles, e em um certo volume, intitulado Der Kapital, de um certo Karl Marx, encontrei uma curiosa carta. Aliás, curiosa não seria o adjetivo certo, uma vez que pelo teor era algo que iria mexer com meus sentimentos para sempre.
Deitei prazeirosamente na rede e li:
"Sou uma mulher plenamente feliz
Estou fazendo esse texto, meu amor, para que todas as vezes que não estiver presente me sinta nas palavras que correm livres, o meu grande amor por você. São palavras singelas, sem maiores pretensões, pois não tenho o seu dom da escrita, esse conjunto maravilhoso de frase que um dia me fez sentir o toque da sua paixão.
Como você sabe, fui criada por uma família tradicional com valores que orientavam o que uma mulher honesta deveria fazer ou não. Ao passar do tempo, percebi que esses valores não eram meus e nem da maioria das mulheres, mas coisas que colocaram em nossa mente e que repetíamos como se fossem nossas. Quando dizia “eu sou assim; gosto disso; isso é pecado”, na verdade estava a dizer o que a má tradição - embora exista a boa tradição - queria como me comportasse. Lembra da dialética do Senhor e o Escravo, daquele filósofo alemão? Pois é: eu era uma escrava que dizia ser meu, os pensamentos do Senhor.
Lutei muito contra esses valores, muitas vezes com muita dor, mas a dor está sempre no presente e deve ser ultrapassada, e depois dela vem o sentimento de liberdade. Sempre senti, que mesmo que amasse muito um homem, o meu corpo era a minha conquista de prazer, e nada ou ninguém terá o direito à exclusividade sobre ele. Sempre sonhei com um companheiro cúmplice dos meus prazeres e fantasias, um homem que entendesse que a mulher tem uma grande amplitude sexual, jamais sonhada pelos machistas, ou mesmo, infelizmente, por inúmeras mulheres que pensam que são felizes, mas sempre estão depressivas, e como fuga das suas infelicidades, comem em demasia, são consumistas e escravas de um cartão de crédito. Ou pior: em vez de buscarem na religião os valores de solidariedade e da irmandade, nela procuram uma fuga para as suas infelicidades.
Depois de muitas relações frustradas com muitos homens infelizes e machistas, você apareceu, meu amor, assim como um bom anjo que lhe anuncia a felicidade. Depois de tantas “bebidas amargas”, de alguns relacionamentos desfeitos, como disse o poeta Chico, você “foi chegando sorrateiro, deitou em minha cama, e me chama de mulher”. É verdade. Você nada perguntou, não indagou sobre o meu passado, apenas me presenteou com palavras que apontavam para o futuro. Que palavras, meu amor! Elas falavam da liberdade da mulher, da sua abertura para o mundo, de seus prazeres inocentes que davam prazer ao seu corpo, das suas imensas fantasias que sempre foram mal entendidas, e muitas vezes, as mulheres que ousaram, foram jogadas nas fogueiras, apedrejadas, tidas como putas, sob o escárnio da população. Mas como disse Jesus, eles atiram as pedras porque esses “pecados” estão em suas cabeças, e, no fundo, esses homens apedrejadores só se sentem motivados com as mulheres livres, e não é à toa que ao se desmotivarem das suas mulheres-propriedades, ele as traem com as mulheres livres. Ao contrário dos homens que conheci, você, meu amor, me motivou para ser uma verdadeira mulher, uma loba que caça prazeres, mas sempre apaixonada imensamente por você. Nunca esqueço as suas palavras: “você, meu amor, não é uma mulher safada, uma puta, ou qualquer adjetivo desqualitativo. Você é apenas uma grande mulher!”.
Assim, meu grande amor, saio ao seu lado para curtir as fantasias, sem medos ou culpas, e que se dane os infelizes invejosos. Nos amamos e somos cúmplices, e isso é que importa. Você me faz a mulher mais feliz do mundo, sempre lhe disse isso, e não custa nada repetir sempre.
Te amo
Sua loba"
Depois da leitura, acho que dormi, acordando com uma lambida de uma velha cadela de rua que sempre passou por aqui em troca de um pires de leite.
Olhei para ela e disse: "bom dia, loba". Ela abonou o rabo, deu meia volta e se foi.
Só digo uma coisa: depois desse texto, as mulheres são consideradas por mim como o centro do mundo. A origem, o meio, o fim.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
Ao completar oitenta "e lá vai fumaça", uma idade plenamente morrível - apesar que ao nascer todo vivente entra na faixa do morrível, embora quase ninguém perceba essa verdade -, viúvo uma vez e namorado várias vezes, nesse momento, tenho a plena certeza que viver não necessariamente significa sobreviver. Olho para o jardim da vida, onde as rosas e urtigas entre “tapas e beijos” convivem, sonhos e dores gritam em sinfonia caótica como em um bando de chipanzés em cio, gosto dele, do seu perfume, e a sua incompletude me anuncia que já fiz o bastante como um elefante velho que segue seu bando, mas os sonhos - esses filhos da puta teimosos -, insistem na magnânima ideia que, enquanto houver uma mínima brisa de ar respirável, sou um Romeu à procura da Julieta livre, e quando a encontrar, um Otelo sem paranoias psicóticas, convivendo, amando, uma Desdêmona “vivinha da Silva”, cheia de fantasias e amor.
Em minhas andanças por esse mundo a fora me deparei com muitas coisas que fariam uma mula sem cabeça ser tão normal quanto ao pio de uma coruja em noite cheia de breu.
Uma certa vez, em um certo interior litorâneo, aluguei uma casa para uma temporada, que me informaram ter sido de um casal oriundo de Minas Gerais. Me contaram que após o marido morrer, a companheira mudou-se e nunca mais se tinha ouvido falar dela.
Percebi que havia uma velha estante na sala, preenchida por alguns livros, segundo o atual proprietário, eram do antigo casal, e como eram bonitos foram ficando, ficando, até virar patrimônio da casa. Possivelmente, nenhum inquilino leu, pois eram escritos em alemão, língua não muito próspera em nosso país.
Certo dia, comecei a folhear alguns deles, e em um certo volume, intitulado Der Kapital, de um certo Karl Marx, encontrei uma curiosa carta. Aliás, curiosa não seria o adjetivo certo, uma vez que pelo teor era algo que iria mexer com meus sentimentos para sempre.
Deitei prazeirosamente na rede e li:
"Sou uma mulher plenamente feliz
Estou fazendo esse texto, meu amor, para que todas as vezes que não estiver presente me sinta nas palavras que correm livres, o meu grande amor por você. São palavras singelas, sem maiores pretensões, pois não tenho o seu dom da escrita, esse conjunto maravilhoso de frase que um dia me fez sentir o toque da sua paixão.
Como você sabe, fui criada por uma família tradicional com valores que orientavam o que uma mulher honesta deveria fazer ou não. Ao passar do tempo, percebi que esses valores não eram meus e nem da maioria das mulheres, mas coisas que colocaram em nossa mente e que repetíamos como se fossem nossas. Quando dizia “eu sou assim; gosto disso; isso é pecado”, na verdade estava a dizer o que a má tradição - embora exista a boa tradição - queria como me comportasse. Lembra da dialética do Senhor e o Escravo, daquele filósofo alemão? Pois é: eu era uma escrava que dizia ser meu, os pensamentos do Senhor.
Lutei muito contra esses valores, muitas vezes com muita dor, mas a dor está sempre no presente e deve ser ultrapassada, e depois dela vem o sentimento de liberdade. Sempre senti, que mesmo que amasse muito um homem, o meu corpo era a minha conquista de prazer, e nada ou ninguém terá o direito à exclusividade sobre ele. Sempre sonhei com um companheiro cúmplice dos meus prazeres e fantasias, um homem que entendesse que a mulher tem uma grande amplitude sexual, jamais sonhada pelos machistas, ou mesmo, infelizmente, por inúmeras mulheres que pensam que são felizes, mas sempre estão depressivas, e como fuga das suas infelicidades, comem em demasia, são consumistas e escravas de um cartão de crédito. Ou pior: em vez de buscarem na religião os valores de solidariedade e da irmandade, nela procuram uma fuga para as suas infelicidades.
Depois de muitas relações frustradas com muitos homens infelizes e machistas, você apareceu, meu amor, assim como um bom anjo que lhe anuncia a felicidade. Depois de tantas “bebidas amargas”, de alguns relacionamentos desfeitos, como disse o poeta Chico, você “foi chegando sorrateiro, deitou em minha cama, e me chama de mulher”. É verdade. Você nada perguntou, não indagou sobre o meu passado, apenas me presenteou com palavras que apontavam para o futuro. Que palavras, meu amor! Elas falavam da liberdade da mulher, da sua abertura para o mundo, de seus prazeres inocentes que davam prazer ao seu corpo, das suas imensas fantasias que sempre foram mal entendidas, e muitas vezes, as mulheres que ousaram, foram jogadas nas fogueiras, apedrejadas, tidas como putas, sob o escárnio da população. Mas como disse Jesus, eles atiram as pedras porque esses “pecados” estão em suas cabeças, e, no fundo, esses homens apedrejadores só se sentem motivados com as mulheres livres, e não é à toa que ao se desmotivarem das suas mulheres-propriedades, ele as traem com as mulheres livres. Ao contrário dos homens que conheci, você, meu amor, me motivou para ser uma verdadeira mulher, uma loba que caça prazeres, mas sempre apaixonada imensamente por você. Nunca esqueço as suas palavras: “você, meu amor, não é uma mulher safada, uma puta, ou qualquer adjetivo desqualitativo. Você é apenas uma grande mulher!”.
Assim, meu grande amor, saio ao seu lado para curtir as fantasias, sem medos ou culpas, e que se dane os infelizes invejosos. Nos amamos e somos cúmplices, e isso é que importa. Você me faz a mulher mais feliz do mundo, sempre lhe disse isso, e não custa nada repetir sempre.
Te amo
Sua loba"
Depois da leitura, acho que dormi, acordando com uma lambida de uma velha cadela de rua que sempre passou por aqui em troca de um pires de leite.
Olhei para ela e disse: "bom dia, loba". Ela abonou o rabo, deu meia volta e se foi.
Só digo uma coisa: depois desse texto, as mulheres são consideradas por mim como o centro do mundo. A origem, o meio, o fim.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
O axé coronado
O axé coronado
Vírus é vírus e não é tarefa fácil enfrentá-los. O pior é quando dois vírus se associam, sendo que um pode potencializar o outro, o que pode ser o caso prejus vírus e o corona vírus. O primeiro, o prejus, pensava-se já extinto em decorrência da ação do Ministério Público que observou a existência de graves irregularidades na administração dos recursos públicos, oriundos de emendas parlamentares que alimentavam o voraz apetite do vírus pelo erário público. O bicho era insaciável, pois não só comia o dinheiro público, como transformava o espaço público em área privada. Bicho danado! Entretanto, ao que parece, as medidas profiláticas não eliminaram os núcleos protéicos do vírus, e o danado está voltando com toda a força, assim como o corona vírus, mais coroado.
Por falar em coroa, o nosso Rei Edvaldo - segundo as más línguas, ele reina, mas quem governa mesmo é o Sr. Laercio Oliveira -, abandonou a zabumba, um resquício plebeu, para virar o rei momo do axé music. Dessa maneira, o nosso ex-foguinho e ex-zabumbeiro, que agora ostenta o pomposo apelido de “asfaltador das ruas das ilusões”, sob aplausos dos irmãos empreiteiros, entrega as chaves da cidade ao Fabiano, o famoso empresário dos prazeres gerais, para que o dito cujo implemente o turismo aracajuano, mesmo que a Orla de aracaju, o Parque da Sementeira, a Orla do Por do Sol, o Calçadão da Treze de Julho, as inúmeras praças da cidade estejam em completo abandono, deterioradas e parcialmente destruídas. Contradição? Pode ser, mas o que dizer de uma cidade que se diz turística, que em pleno período turístico, os bares fecham na segunda feira?
Se estamos todos alarmados com o avanço do corona vírus, e se pode haver uma associação com o vírus axé coronado, que em Aracaju tem o nome de prejus vírus, então cabe uma análise mais aprofundada, e ninguém melhor que Miguel da Musuca para fazê-lo. Diz o nosso sábio da Musuca:
“O axé coronado nasceu na Bahia, um projeto genético das elites preconceituosas baianas que viam no antigo carnaval baiano uma herança popular da idade média, onde a sátira, a ironia e o riso eram fatores destrutivos da seriedade hipocrita dos “bem nascido”. Então nada melhor que um carnaval da exclusão, onde os que se julgam melhores e superiores dançam protegidos por cordas e seguranças e nos camarotes de luxo. Quanto ao povão foi criado a “pipoca”, local onde se comprimem dez pessoas por metro quadrado - os denominados “mal nascido” -, todos embalados por uma música ensossa, repetitiva e sonolenta. Assim, o que esperar de uma acarajé sem óleo de dendê, pimenta e um bom camarão seco? Revolta, raiva, descrença, e por conseguinte, a violência dos excluídos é inevitável, pois o carnaval de rua é de todos e para todos, sem alguma distinção”.
Devo dar razão ao mestre Miguel da Musuca. O espaço público não pode ser privatizado para gerar lucros para o seleto grupo de empresários. Se eles querem realizar seus eventos, que os façam em áreas privadas, locais que possam rentabilizar seus lucros, através de seus variados serviços. É inadmissível, porém, o uso do espaço público e de verbas do erário para engordar seus grandes lucros, uma vez que as referidas verbas devem ser destinadas a eventos culturais públicos, como o carnaval, por exemplo, o que possivelmente não irá acontecer, pois o nosso ex-zabumbeiro está mais preocupado em agradar os empresários, formentando um grande núcleo de apoio para sua reeleição e para a futura eleição do seu grande mentor, o Sr. Laercio Oliveira.
O leitor mais ansioso está a perguntar: onde entra o corona vírus nessa história? Ora, como falam os especialistas do assunto, quanto maior a concentração de pessoas por metro quadrado, maior o risco de contaminação, e raciocinando dessa maneira, os pipoqueiros populares que são comprimidos como sardinhas em latas, evidentemente, serão os alvos preferenciais do corona vírus, esse terrível bichinho que possivelmente será transmitido por algum “bem nascido”, porque somente essa categoria de folião tem o privilégio de ter ido ou conhecido alguém que foi à China.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
Vírus é vírus e não é tarefa fácil enfrentá-los. O pior é quando dois vírus se associam, sendo que um pode potencializar o outro, o que pode ser o caso prejus vírus e o corona vírus. O primeiro, o prejus, pensava-se já extinto em decorrência da ação do Ministério Público que observou a existência de graves irregularidades na administração dos recursos públicos, oriundos de emendas parlamentares que alimentavam o voraz apetite do vírus pelo erário público. O bicho era insaciável, pois não só comia o dinheiro público, como transformava o espaço público em área privada. Bicho danado! Entretanto, ao que parece, as medidas profiláticas não eliminaram os núcleos protéicos do vírus, e o danado está voltando com toda a força, assim como o corona vírus, mais coroado.
Por falar em coroa, o nosso Rei Edvaldo - segundo as más línguas, ele reina, mas quem governa mesmo é o Sr. Laercio Oliveira -, abandonou a zabumba, um resquício plebeu, para virar o rei momo do axé music. Dessa maneira, o nosso ex-foguinho e ex-zabumbeiro, que agora ostenta o pomposo apelido de “asfaltador das ruas das ilusões”, sob aplausos dos irmãos empreiteiros, entrega as chaves da cidade ao Fabiano, o famoso empresário dos prazeres gerais, para que o dito cujo implemente o turismo aracajuano, mesmo que a Orla de aracaju, o Parque da Sementeira, a Orla do Por do Sol, o Calçadão da Treze de Julho, as inúmeras praças da cidade estejam em completo abandono, deterioradas e parcialmente destruídas. Contradição? Pode ser, mas o que dizer de uma cidade que se diz turística, que em pleno período turístico, os bares fecham na segunda feira?
Se estamos todos alarmados com o avanço do corona vírus, e se pode haver uma associação com o vírus axé coronado, que em Aracaju tem o nome de prejus vírus, então cabe uma análise mais aprofundada, e ninguém melhor que Miguel da Musuca para fazê-lo. Diz o nosso sábio da Musuca:
“O axé coronado nasceu na Bahia, um projeto genético das elites preconceituosas baianas que viam no antigo carnaval baiano uma herança popular da idade média, onde a sátira, a ironia e o riso eram fatores destrutivos da seriedade hipocrita dos “bem nascido”. Então nada melhor que um carnaval da exclusão, onde os que se julgam melhores e superiores dançam protegidos por cordas e seguranças e nos camarotes de luxo. Quanto ao povão foi criado a “pipoca”, local onde se comprimem dez pessoas por metro quadrado - os denominados “mal nascido” -, todos embalados por uma música ensossa, repetitiva e sonolenta. Assim, o que esperar de uma acarajé sem óleo de dendê, pimenta e um bom camarão seco? Revolta, raiva, descrença, e por conseguinte, a violência dos excluídos é inevitável, pois o carnaval de rua é de todos e para todos, sem alguma distinção”.
Devo dar razão ao mestre Miguel da Musuca. O espaço público não pode ser privatizado para gerar lucros para o seleto grupo de empresários. Se eles querem realizar seus eventos, que os façam em áreas privadas, locais que possam rentabilizar seus lucros, através de seus variados serviços. É inadmissível, porém, o uso do espaço público e de verbas do erário para engordar seus grandes lucros, uma vez que as referidas verbas devem ser destinadas a eventos culturais públicos, como o carnaval, por exemplo, o que possivelmente não irá acontecer, pois o nosso ex-zabumbeiro está mais preocupado em agradar os empresários, formentando um grande núcleo de apoio para sua reeleição e para a futura eleição do seu grande mentor, o Sr. Laercio Oliveira.
O leitor mais ansioso está a perguntar: onde entra o corona vírus nessa história? Ora, como falam os especialistas do assunto, quanto maior a concentração de pessoas por metro quadrado, maior o risco de contaminação, e raciocinando dessa maneira, os pipoqueiros populares que são comprimidos como sardinhas em latas, evidentemente, serão os alvos preferenciais do corona vírus, esse terrível bichinho que possivelmente será transmitido por algum “bem nascido”, porque somente essa categoria de folião tem o privilégio de ter ido ou conhecido alguém que foi à China.
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
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