Aracaju do grande poeta José Sampaio, companheiro do PCB, amigo do meu Pai.
"CANTO DA CIDADE AMIGA
Aracaju caminhado nas mãos dos arquitetos.
Nas mãos suadas dos carroceiros,
dos poetas,
dos seus artistas,
sentindo no coração
as pancadas dos pés das mulheres da noite.
Criaturas que levam no silencio dos olhos
o rumor desses gritos que morrem trancados dentro do peito.
Nas casas apagadas na sombra
o amor florescendo
que o amor é um milagre infinito.
Já ouvi os poetas de Aracaju.
Vi as suas ruas largas de luxo.
Queria agora caminhar com os ladrões da noite,
atravessar os subúrbios escuros e sujos
para sentir a grande poesia que está perdida.
Apertar cordialmente as mãos dos maloqueiros,
passar a noite de inverno debaixo da ponte ouvindo as suas historias,
para que eu sentisse o coração de Aracaju batendo no silencio da noite
Acariciar a cabacinha suja de areia
desses pequenos desamparados
que fugiram dos bairros diminuídos.
Ouvir as vozes que estão mortas nos seus rostos cavados,
para que eu pudesse ouvir o coração de Aracaju batendo de noite, no silêncio."
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