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sexta-feira, 18 de abril de 2014

A queima do Judeu

O Sr. Proprietário  está de parabéns por essa iniciativa turística e de lazer que é o seu Bar. Uma boa opção para aqueles que gostam de uma boa música.

Mas, por que queimar o Judas, Senhor? Não acha que essa tradição católica carrega em seu bojo um preconceito ao povo judaico, tendo como elemento nuclear uma extrema violência destrutiva, simbolizada pelas chamas destrutivas das fogueiras? Não bastam os milhões de judeus que foram cremados nas fogueiras da Inquisição e nos fornos nazistas?

Cristo, caro amigo, era judeu, apesar do universalismo das suas pregações. Um povo não deve ser estigmatizado porque sua elite religiosa, no caso, os Saduceus, era fundamentalista, avarenta e violenta. Um pobre apóstolo que ganhou trinta dinheiros para entregar Cristo (será verdade?), não pode ser o símbolo representativo do povo judeu. Ademais, meu caro, Jesus vivia dizendo que devia se dar a outra face frente à intolerância, não pelo gesto vaidoso e magnânimo do perdão,  mas por entender que um Judas, por exemplo, vive dentro de nós, assim como outras personas. Não era esse o entendimento do Profeta, quando ao ver um apedrejamento de uma prostituta, disse: "quem não tiver pecados, atire a primeira pedra".

Que mundo estranho, que teatralidade perigosa, Senhor!  A intolerância, o lúdico se combinam em um Bar e tudo isso por uns míseros trinta dinheiros a mais. Que pena! Porém, os intolerados podem podem suavizar o rosto da intolerância. Quando Jesus estava em uma cruz no Monte Calvário e todos os seus apóstolos tinham desaparecido com receio da perseguição dos Saduceus, houve três pessoas que ficaram ao seu lado, solidárias com a sua dor. O Pai tinha lhe abandonado, mas elas ficaram lá até o seu ultimo suspiro. Maria mãe, Maria apóstola, Maria puta, alvos preferenciais da intolerância machista e religiosa, todas elas Marias, mulheres corajosas e destemidas, a santíssima trindade, o coração pulsante do mundo.

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