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domingo, 22 de maio de 2011

O pastor dos idosos

O pastor dos idosos




As trombetas celestes ressoam grandiosamente em saudação ao novo Pastor dos pobres, velhos e desamparados. O sr. Laércio Oliveira, novo deputado federal, eleito pelo Estado de Sergipe, faz sua estréia em grande estilo, apresentando um projeto de lei que incentiva as empresas privadas contratarem pessoas que entraram na faixa da terceira idade. Anjos e querubins estão em festa e já avisaram ao ditoso deputado que a via expressa para o Paraíso se encontra totalmente liberada, sem parada no purgatório para um lanchinho obrigatório. Afinal, uma recompensa merecida para um seguidor de Calvino, para quem o lucro é elemento essencial à candidatura para o posto de santo sênior, cargo tão almejado em terras divinas. E de candidatura ele entende, ou melhor, seu "padrinho" entende, segundo as más línguas.

O nosso bom evangélico que também é empresário do setor de serviços de limpeza é um homem carismático e envolto em uma áurea azulada. Sua empresa cresce em linha exponencial, prestando serviços para o setor privado, e, principalmente, para o setor publico em todas suas áreas, sendo conhecida jocosamente como a "empresa que limpa os três poderes estatais". Uma verdadeira Empresa da Republica!

Pessoal, o homem é uma fera! Que talento! Ele devia escrever um livro de auto-ajuda do tipo, "Socialismo terceirizado, sim; neo-liberalismo, não". Seria um sucesso e uma grande contribuição à todas as pessoas desejosas de saber como o pastor deputado conseguiu convencer ao meu amigo Edvaldo Nogueira que a melhor maneira de ser socialista era a contratação de "meninas multiservice" para o atendimento público nos postos de saúde. A bela lógica do empresário se baseou em uma premissa implacável: ceder espaço da máquina pública para o setor privado é socialismo terceirizado; vender empresa pública é neo-liberalismo. Em resumo: para o empresário divino, o neo-liberalismo não é uma questão conceitual, mas uma investidura pessoal que se dá preferencialmente nas pessoas opositoras, adversárias dos petistas coloridos e seus aliados. Aliás, essa lógica teve origem nas palavras tortuosas de Lula quando acusava Fernando Henrique de neo-liberal e ao mesmo tempo distribuía e abastecia os empresários das escolas privadas com verbas públicas, através do Prouni. Isso não é obliquamente uma tática progressiva de privatização do ensino público, encoberta sob o manto do populismo? "Não!!! Isso é socialismo terceirizado, companheiros e companheiras", diz o coro desafinado de vozes dissonantes, ritmado pela zabumba vermelha do nosso Alcaide.

Em nossos postos de saúde do município existe uma apreensão assustadora que viaja nas cabeças dos funcionários, enfermeiras e médicos: "Será que em um futuro próximo, os médicos e enfermeiros serão contratados e fornecidos pela empresa do Evangélico Empresário?" Bom, o futuro ao PT(C do B) pertence e quem viver, verá. No entanto, outras pessoas mais irônicas afirmam que tudo depende do ressoar do couro: os dos quadros artísticos de Bosco Rolemberg ou o da zabumba apaixonada do Edvaldo Nogueira. Em nossa modesta opinião essas diversas lógicas se comungam em uma somente: a lógica da safadeza, da corrupção e do oportunismo populista.

Vocês votariam em nosso Evangélico Empresário para o cargo de Santo do paraíso? Eu soube que ele se contentaria com algo mais modesto, como, por exemplo, ser o sucessor do amigo Edvaldo Nogueira no trono municipal. Segundo alguns analistas sociais isso seria uma vantagem, pois as as quatros primeiras letras do nome do atual Prefeito seriam mantidas, mudando apenas o sobrenome, e, o que seria mais importante, acabaria de uma vez por todas essa horrível duplicidade entre o público e o privado, aparecendo um novo emblema e um novo nome para o ente político: Multiservice Municipal de Aracaju.

Se o evangélico empresário não conseguir, não vai se dizer que foi por falta de empenho. Padrinho poderoso ele tem. E segundo alguns entendidos da política local, esse fato de ser "afilhado" foi fator importante para a conquista do atual cargo de deputado federal. Dizem que até o sr. Jackson Barreto já se rendeu ao fascínio do seu "Padrinho", beijando-lhe a mão em uma cerimonia de iniciação. Acho que o Governador Marcelo Deda deveria ter algumas aulas com o "Padrinho" de como administrar o poder político, evitando, dessa maneira, que certas lideranças decadentes interfiram, como é o caso do Senador Valadares, mas sem a ocupação do cargo de eminência parda. Confesso que fico imensamente chateado quando ouço algumas vozes dizendo que o verdadeiro governador atual é o "Padrinho", afinal, ele nunca foi eleito para nada. Se isso serve de consolo, o Lula era o Presidente, mas quem mandava era Sarney, Meirelles e outros. A voz engasgada e trôpega parecia ser dele, mas os ventríloquos eram outros. No entanto, Lula é um obtuso, apreciador constante de uma cachaça em horários impróprios e um analfabeto declarado. O nosso Governador é um homem culto, bem falante e vaidoso o bastante para não querer sombra do nosso Mazarin de Sergipe. Mas, repetia constantemente o Cardeal francês "que os vaidosos cabiam em suas mãos", o meu ex-colega de movimento estudantil deve-se se cuidar para não descobrir depois que suas mãos tinham fios invisíveis ligados a uma outra mão, bem no alto dos bastidores.

Vocês podem estar se perguntando porque estou fazendo uma critica ácida contra um político que está apresentando um projeto de lei de alto alcance social. Confesso que a intenção explicita do deputado evangélico é das mais nobres, pois ajudar a empregar pessoas que se encontram na terceira idade, dando-lhes uma renda é um ato digno de aplausos. Deputado, por que agora? O senhor sempre foi um homem público e nunca demostrou essa preocupação com as pessoas idosas. Por que nunca fez isso em sua empresa? Os milagres, as caridades começam em casa, Deputado. Ou o senhor estava esperando ser subsidiado pelo Estado para ser caridoso? O senhor está realmente preocupado com os idosos ou com os subsídios fiscais que o seu projeto de lei cria? O seu projeto de lei é, no mínimo, peculiar. O governo paga indiretamente os salários dos idosos através de subsídios fiscais, financiando as folhas de pagamento dos empregados idosos. Isso não beneficia a ninguém, a não ser os empresários "mamadores das tetas públicas", como sempre foi sua pratica, por exemplo. Sabe como vai terminar essa historia, Deputado? A maioria das empresas vão encher seus quadro funcionais de "idosos" para que o Estado pague as folhas; os jovens que estão entrando no mercado de trabalho ficam desempregados, e, consequentemente, vão engordar as listas de marginais econômicos e de delinqüentes. O senhor não está protegendo os idosos, Deputado. O senhor está querendo aumentar os seus lucros e dos seus colegas, usando as pessoas idosas como "iscas" populistas. Se suas intenções fossem puras e dignas poderia propor uma aposentadoria para os idosos sem renda, ou uma suplementarão de aposentadoria para os de baixa renda, pagas diretamente pelo Estado.

O senhor não vai para o Paraíso com um projeto de lei indigno e hipócrita. A não ser o paraíso de Calvino onde o ingresso é comprado por altas somas. Que tal se colocar no lugar de um idoso, empregado em decorrência da sua tão almejada lei? O senhor estaria trabalhando para um empresário que não paga os seus salários e ao chegar em casa constataria, com muita tristeza, que seus filhos e netos estão desempregados em decorrência de você estar "empregado". Como iria se sentir, Deputado?


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