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domingo, 27 de abril de 2014



O vôo da Andorinha





Não vi o seu ultimo vôo de serenidade furiosa, rasgando a seda do ar, indo e vindo em volteios gargalhadas, rindo como um giz que risca um quadro. Qual a próxima jornada, onde pretende chegar, Anduras? "Pergunta idiota, companheiro", diria, entre o mastigar sem sabor uma pilha de sanduíches e com a mão esquerda segurando uma pilha de livros, tal qual uma "mama mia" agasalha um pirralho de irritante insatisfação renitente.

Olhe, vou lhe dizer uma coisa, Augusto. Esse apelido que lhe foi ofertado por seu grande amigo, Armandus Von Britus - meu compadre que mostra suas garras e uiva em noite de lua cheia, como para disfarçar o seu grande coração de humanidade feminina- não traduz com fidelidade a indomável águia de vôos longínquos que era. Se o acaso podou suas asas, nublou seus olhos, cegou suas garras, retirou a avidez saborosa do seu bico curvo, no entanto, não foi capaz se sepultar os seus sonhos e na sua atualidade sofrida, lento e desengonçado como um albatroz em um convés de navio, você sorria abobado como um maluco beleza, alheiado dos sorrisos perversos dos infelizes.

Vá, andorinha de garras profundas, olhar quilométrico e coração em explosão de humanidade dos pássaros de serena coletividade. Dê um arranque e ultrapasse as nuvens cumeeiras como uma feroz águia; mergulhe vertiginosamente como os pássaros mergulhões em busca das águas fraternas e como um albatroz, o cruzador dos ares, voe em busca da Terra do Nunca, um local sem local, um chegar sem chegar. E para que alcançar algum lugar? Não basta voar por voar? E quando entre um volteio e outro, avistar o Crocodilo Tic-Tac, dispare: "Olha, otário, você nunca me pegará, pois apenas devorou minha existência cronológica, mas nunca os seus sonhos existenciais".

Ivan Bezerra de Sant Anna  


Publicado no site http://www.facebook.com/ibezerra52; http://ibezerra.xpg.com.br e no Blog http://terradonunca-ibezerra.blogspot.com/




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