Plim-Plim
Dia 1º de Maio, dia do trabalhador, um ponto marcado na linha do tempo para comemorar as lutas e conquistas da classe operária. Porém, algo novo aconteceu nas comemorações trabalhistas, pois fomos bombardeados por esquadrilhas de jatos bombardeios munidos de bombas mediáticas em forma de canetas, microfones, câmaras, todas elas explodindo como fogos de artifícios com suas cores hipnóticas reluzentes. Afinal, tivemos uma grande homenagem da nossa grande imprensa ao trabalhador, ao real produtor das riquezas existentes? Perplexo como um bovino que caminha em corredor de matadouro, constatei que toda essa festa pirotécnica era para chorar a morte vintenária de Aírton Senna!
Cada Pais tem a imprensa que merece, pensei. Como uma trágica coincidência pode ser personagem principal de uma peça que foi escrita com suor, lágrimas e sangue dos trabalhadores ao longo de um tempo árduo e cruel? Que somos um povo que nunca se desligou de um passado monárquico e ao mesmo tempo atolado em um capitalismo individualista e possessivo, isso não é novidade alguma, constatação essa que talvez explique a indiferença ou mesmo uma certa dose de antipatia ao labor produtivo. Acho até que devíamos rebatizar esse dia com o nome de Aírton Senna e não ia causar perplexidade ao mundo que já se acostumou com o nosso gostoso jeitinho de ser.
O Brasil calça chuteiras, como declarava solenemente, Nelson Rodrigues? Que nada, os brasileiros usam sandálias de pneu! Pelo menos é essa constatação que chegamos em decorrência das pesquisas de opinião, realizadas com furor de um coelho procriador, por nossa genial imprensa. Pasmem: o nosso garoto de velocidade inesquecível foi escolhido como o maior desportista do Brasil, restando a Pelé e outros, algumas migalhas percentuais. Não que o nosso Aírton não mereça a nossa eterna lembrança, mas suplantar Pelé, Emerson Fitipaldi, Eder Jofre, Maria Ester Bueno, pessoas que em suas específicas modalidades foram desbravadoras e deram visibilidade grandiosa ao País, abrindo um espaço de respeitabilidade para o mundo, alguma coisa está errada e fora do prumo.
O risível de tudo isso é que pessoas que declaram seu ódio pela Vênus Platinada, acusando-a de manipuladora desonesta, são as mesma que esqueceram de alguns detalhes importantes, quando banhadas em lágrimas de cevada (de preferência da Granja Comari) repetem o bordão galvaniano: "Aírton Senaaaaaa. Brasillllllllllll!". E que detalhes foram esquecidos! Esqueceram, por exemplo, que em uma época de grandes pilotos, tempo onde pontificava o Escocês Voador, Nick Lauda e tantos outros, Emerson Fitipaldi foi bicampeão e deu visibilidade e referência ao País. Segundo opiniões dos especialistas, o nosso Emerson foi o mais técnico piloto da F1, jamais colocando sua vida em risco, pois desconhecia a palavra vaidade, ao contrário de um Aírton impetuoso que representava um papel mediático, escrito por patrocinadores e trombeteada pela voz fanhosa, oportunista, malandra do Galvão Bueno.
Exagero? Pode ser. No entanto, apesar das lágrimas que escorrem dos olhos frios dos vorazes crocodilos nesse clima aquático desse 1º de Maio, a nossa Vênus do Platinada segue olimpicamente risonha, pois percebe que os seus críticos mais ferrenhos com seus adjetivos cortantes, nos interstícios das suas frases, nas franjas dobradas das palavras, está escondida a Fadinha mágica prateada. Assim, esses críticos despejam vômitos ácidos, arrotam fogo, mas ao esquecerem que 1º de Maio é o dia do Trabalhador, confundindo-o com um dia de finados especial, ou que um jogador habilidoso que beirou à imbecilidade é um "fenômeno" indiscutível, eles falam Plim-Plim por outros meios.
Ivan Bezerra de Sant Anna
Publicado no site http://www.facebook.com/ibezerra52; http://ibezerra.xpg.com.br e no Blog http://terradonunca-ibezerra.blogspot.com/
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