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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O milagre de Paulo de Tarso

O milagre de Paulo de Tarso 



Até pouco tempo, o amigo João Fontes, salvo engano, estava nas manifestações "Fora Dilma" sem poupar os adjetivos desqualificativos. O mais interessante é que sua conversão se deu de uma maneira meteórica, tal como Paulo de Tarso, atingido por uma intensa luz, consegue ver com clareza, a verdade eterna.

O que o cegou para as contradições do mundo, dando-lhe a oportunidade para viver a mais profunda revelação interna? Eu que arrisquei minha vida em busca da liberdade e da Democracia, ao lado dos companheiros do PCB, não fui bafejado por essa estranha revelação. Talvez porque o amigo João Fontes sempre foi um homem voltado para as coisas divinas e seus mistérios de grandes densidades, fatos estes que o fez ver que, às vezes, "Deus escreve verdades por linhas tortas". Mesmo achando tudo muito milagroso, quem sou eu para questionar os mistérios de uma revelação?

Sempre tive o entendimento que a Democracia não é reduzida e confinada ao espaço simbólicos normativo de uma Nação, mas tem sua eterna gênese no seio divergente da sociedade, nas plurimas demandas sociais, que se encontram pulsantes  no maior espaço de cidadania republicana, constituído pelas ruas e praças, como disse o poeta Castro Alves: "a praça é do povo como o céu é do Condor".

A Democracia, caro amigo, vive dessa tensão dialética entre o espaço normativo constituído e as situações pré-constituídas do espaço fático da sociedade civil. Sempre haverá o retorno às situações pré-constituídas  para que o processo normativo da Democracia seja renovado. Quando as demandas sociais são sujeitadas à camisa de força de um reduzido espaço de um arcabouço  normativo, as ruas irão falar, protestar e exigir mudanças. Nada é mais democrático e mais perigoso do que as ruas, no entanto, esse aparente paradoxo é o grande motor da Democracia, evidentemente, com ponderáveis  perdas e ganhos.

E para que se minimize os riscos políticos da efervescência das ruas, os conjuntos normativos dos países democráticos possuem corretivos para evitar o divórcio entre a população e os seus representantes, ou que seja viciada a vontade por popular pelos processos de aliciação econômica, como se dá pela compra vergonhosa de votos, financiada por recursos financeiros oriundos da corrupção. Pode existir um "governo do povo" que sua vontade é corrompida por coações econômicas? Um contrato civil não é anulado se for provado que houve forte coação econômica? Ora, caro amigo, para isso existe o processo de cassação dos politicos que usam esse expediente, e o impeachemt para governantes que traíram a vontade popular com o cometimento de crimes de responsabilidade. Longe de ser golpe à Democracia, esses institutos são corretivos para sua efetivação real, e se existe algum golpismo nessa tenebrosa história, esse é perpetrado por aqueles que não honram seus passados de juristas, destruindo a validade mínima conceitual, prostituindo e partidarizando  a Razão. 

Engraçado é a tese que esposa, a da normatividade relativa e relacional. Ou seja: para ser válida uma norma punitiva, os que requerem a sua aplicação devem ser moralmente limpos e não possuam interesses na aplicação da mesma. Segundo esse raciocínio, como existe sempre algum suplente com intenções nebulosas  de um parlamentar processado, então infere-se que a norma não deve ser aplicada. Como o terrível vice-presidente vai se beneficiar de um possível impeachemt da "Presidenta", então o referido instituto, que visa corrigir o processo democrático, acaba virando um instrumento golpista. Essa tese absurda e pragmática destrói todos os resquícios da razão humana, levando-nos à descrença da humanidade, prostando-nos com profunda reverência no altar das certezas do Islã radical.

Caro amigo, más e boas intenções são critérios para um julgamento moral e nunca pré-requisitos de validade para o direto de cidadania e a ampla liberdade para demandar. Em uma democracia não interessa o julgamento do demandante, mas a avaliação criteriosa da demanda. Nunca é demais lembrar da segunda lei de Voltaire, uma das grandes máximas da Democracia, que diz: "Quanto maior o número de candidatos à prática da imoralidade, maior será o controle da imoralidade alheia.". Dessa forma, caro amigo, o nosso grande filósofo iluminista observou que as colisões entre as más intenções tem como resultante um abrangente controle sobre a imoralidade geral. Coisas da "mão invisível" do mercado político...

Fica uma indagação, caro amigo: sua conversão à oligarquia "democrática" foi um retorno às sua raízes familiares ou foi por motivos de fé?

Ivan Bezerra de Sant' Anna


Publicado no site http://www.facebook.com/ibezerra52;  e no Blog http://terradonunca-ibezerra.blogspot.com/




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