Quem tem medo do lobo mau?
Quem tem medo do lobo mau?
Vamos imaginar Chapeuzinho Vermelho saindo da casa da vovó, cantarolando: “quem tem medo do lobo mau, lobo mau, lobo mau. Quem tem medo do lobo mau...”
Ao se deparar com suas amigas, uma delas exclamou: “Chapéu, por que essa alegria toda? Na história, sua vovó era comida pelo lobo mau e um caçador aparecia para lhe salvar”.
- Tô sabendo, miga, mas tamos no Brasil, e aqui o lobo é velho, desdentado, meio palhaço e sem garras. Quando entrei na casa da vovó, ela estava dando gargalhadas das idiotices do Lobo que insistia em afirmar que iria cortar o décimo terceiro salário dela. Foi engraçado, miga.
- E o caçador, Chapéu? Ele não apareceu? Que estranho essa história, afinal, Lobo é Lobo!
- Apareceu, mas vovó botou ele para correr com a vassoura na mão. Ele estava se aproveitando das idiotices que o lobo vive dizendo para levar vantagem, destruindo todos os bichinhos do mato, e com a maior cara de pau, matou as galinhas da vovó dizendo pensar que eram Perdizes. Que cara safado! Sem falar, miga, que ele bebe muito, e o filhinho dele, o cacadorzinho, não fica atrás, pois de um dia para uma noite se apossou das terras da floresta e transformou em pasto.
Peço mil desculpas antecipadas, caros leitores, por essa nova versão interpretativa dessa imemorial história. Mas, como alguns sabem, sou um operador do Direito no Brasil, e aqui na terrinha, o território das novas bossas, um texto não é o que ele diz, mas o que desejamos dizer, segundo a teoria da materialidade estendida de nossos doutos e ilustres juristas. Que maravilha, né? Assim, podemos ter em breves espaços de tempo, inúmeras versões da história da Chapeuzinho, cada uma para variados gostos.
Confesso, antecipadamente, que não resisti à tentação de associar a história da Chapeuzinho com fatos atuais da política brasileira, que, convenhamos, é uma maçaroca contraditórias de desejos escusos, apesar de correr o risco de ser chamado de reacionário, não somente pelos “crentes”, adoradores de um novo Deus, mas, sobretudo, por aqueles que fazem das suas histórias das torturas, um trampolim para a ribalta ou para empregos públicos bem remunerados.
A tortura é extremamente nefasta, e aqueles que ousam defendê-la é, no mínimo, digno do nosso sincero repúdio. Mas o engraçado são as incongruências dos nossos “indignados” lulistas que chegam ao extremo de colocar os idiotas defensores dessa nefasta prática, os atuais lobos desdentados, no patamar do mal puro, esquecendo-se que o seu líder maior não só se aliou com torturadores, como teve o desplante, a cara de pau, o cinismo, de ter como seu vice um dos maiores financiadores das torturas praticadas por Sérgio Paranhos Fleury - ele adorava assistir sessões de torturas -, o Sr. José de Alencar. Aí me pergunto: onde estava a indignação dos lulistas? Onde estavam as mulheres seminuas, penduradas em pau-de-arara, meladas de mercúrio cromo, dramatizando nas praças o passado “elenão”?
Possivelmente, a indignação estava adormecida à espera do beijo Salvador de um príncipe que, “ao levar a mão a Hera/ viu que ele mesmo era/ a princesa que dormia”. Desculpem, caros leitores, do uso e abuso da poética do grande lusitano Pessoa, mas, convenhamos, tudo isso é uma piada grotesca e de má fé, uma comédia em que eles insistem no terrível perigo fascista do lobo velho e senil, uma construção maliciosa que prepara o caminho do arguto caçador em sua cruzada de colonização de mentes e território.
Como pode o Lobão alquebrado decretar o fim do 13º salário, fazer normas de restrições às mulheres e aos homossexuais, se essas atribuições são privativas do Congresso? A não ser que ele feche o Congresso e afaste os ministros petistas do STF, no entanto, vamos falar sério, o Lobão não tem lá esse prestígio todo no mundo político brasileiro, inclusive nas Forças Armadas, e se ele tem um vice general, Lula colocou seu amigo e aliado, o general Fernando Azevedo, ex-chefe do Estado Maior do Exército, militar muito prestigiado nas forças armadas como conselheiro do STF, acariciado pelas palavras supremas de Dias Toffili de que não houve um golpe militar em 1964. Assim, quem tem mais possibilidade de se tornar tirano, o Lobão alucinado ou o manhoso “nove dedos”?
Confesso, caros leitores, que o caçador me assusta muito mais do que o Lobão senil, pois se alguém pode amordaçar o Congresso, aparelhar as instituições republicanas, esse alguém é uma pessoa que já utilizou essas práticas e jamais o velho falastrão Lobão.
O amanhecer tem o condão de fazer a tristeza sorrir, portanto não se assustem se o velho lobo for eleito, pois isso será um golpe fatal no populismo mentiroso e enganador sob a liderança nacional de um psicótico acossado pelo alcoolismo, e que em nosso Sergipe é simbolizado pelo de(mente) JaMente Jacutinga. E assim, depurados do lulismo renegado, podemos voltar às ruas, organizar novamente os trabalhadores, sabendo que possivelmente o velho lobo não cumprirá sua promessa de faxinar a corrupção, uma vez que precisa do Congresso para governar, e como todos sabemos, ele estará cheio de corruptos. Será o último gralhar dos corvos, pois a partir do governo do lobo velho, o discurso perderá a validade, tanto para os falsos esquerdistas, como também para a Direita. Será nesse caos do “menos que nada” que surgirá a práxis da esperança. Esse é o nosso dever!
Ivan Bezerra de Sant’ Anna
Publicado no site http://www.facebook.com/ibezerra52; http://ibezerra.xpg.com.br e no Blog http://terradonunca-ibezerra.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário