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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Faz parte do meu show

Faz parte do meu show...

Existem coisas que não gostaria de ler, e uma delas é o texto da Karla Christine, que se autodenomina psicóloga clínica. Entretanto, eu li e possivelmente muitas pessoas leram. Que horror! Estou perplexo! Como uma pessoa se diz psicóloga e ao mesmo tempo vomita preconceitos, prega crenças moralistas, reduz a complexidade humana a um quadro comportamental fincado no terreno rochoso da tradição.

Ora, moça, sei que muitas pessoas procuram o curso de psicologia na esperança de entender os seus problemas emocionais, e que esses cursos atualmente não são referências de competência teórica e de pesquisas empíricas, relegando Freud, Lacan, Jung, Adler, Carl Rogers - e tantos outros -,  às sínteses redutoras, enquanto são priorizadas verdadeiras saladas de pseudociência, a grande maioria delas, centradas, no lúdico, no achismo e no senso comum.

Moça, ao chamar o poeta Gazuza de marginal - na certa quis chamá-lo de delinquente -, você o colocou em uma cesta em que a maioria da população se encontra, marginalizada do sistema político e econômico. Afinal, todos nós que ousamos discordar somos um pouco marginal, não acha? Tenho a impressão  que o poeta diria que “a tua piscina tá cheia de ratos. Tuas ideias não correspondem aos fatos. O tempo não pára.”

Take it easy, baby. Se “somos iguais em desgraça”, que tal “cantar o blues da piedade”? Ademais, não quero culpá-la se desconhece as contradições e as complexidades humanas, o que levou a Otto Maria Carpeaux declarar que para melhor julgamento de um artista, devemos separar a sua personalidade empírica da artística. Uma boa lição do ilustre austríaco, não acha?

Embora suas crenças não a deixe perceber, são inúmeros os grandes artistas que tiveram uma vida conturbada, mas que nos legaram suas obras magníficas, como, por exemplo, Mozart, Beethoven, Salvador Dali, Vincent van Gogh, e tantos outros. Wagner, por exemplo, era um verdadeiro canalha, mas quando transcendia para a sua personalidade artística e criadora, fazia obras magníficas, como é o caso de Tristão e Isolda. Dessa maneira, essas pessoas devem ser reverenciadas, e, queiram ou não os moralistas plantonistas, esses artistas são eternas referências para a humanidade.

Moça, Cazuza poeta, o grande Cazuza, é um dos meus ídolos musicais, porque não vou julga-lo pela cocaína  que consumiu, mas pela sua obra. Da mesma maneira, não vou deixar de amar a pimentinha Elis Regina porque morreu de overdose de cocaína. O mesmo posso dizer do grande compositor Chico Buarque, mesmo que na personalidade empírica de Francisco, seja um alcoólatra, um falador de besteiras.

Tenho pena dos seus pacientes, moça - se é que tem algum -, pois comparar Cazuza ao Fernandinho Beira-Mar é algo que demonstra sua estreiteza cognitiva, o que me leva a crer que você errou de profissão, uma vez que deveria ter escolhido ser pastora evangélica fundamentalista, uma repetidora do passado das leis moralistas. Por existir pessoas como você, o  perplexo Poeta exclamou: “Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades”.

Vamos fazer uma coisa? Refaça o que escreveu e...

“Me dê de presente o teu bis
Pro dia nascer feliz
O mundo inteiro acordar e a gente dormir, dormir
Pro dia nascer feliz”.

Ivan Bezerra de Sant’ Anna

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